Relações raciais e segregação urbana: trajetórias negras na cidade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Panta, Mariana Aparecida dos Santos [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/157155
Resumo: Este estudo tem como problema central os processos históricos e sociais que têm impelido para os territórios marginalizados de diversas cidades brasileiras a população negra, estigmatizando fortemente esse grupo social e os lugares nos quais ele está presente em maiores proporções. Em virtude disso, este trabalho se propõe a analisar características dos processos de segregação urbana da população negra em Londrina, Paraná, assim como algumas de suas interfaces, sobretudo aquelas relacionadas aos estigmas territoriais, à discriminação racial e às violências. Para compreender esse fenômeno, seguimos as contribuições epistemológicas pautadas na ecologia de saberes, que busca combinar, de modo horizontal, diferentes formas de conhecimento. Deste modo, além da discussão teórica, a pesquisa tem como base entrevistas qualitativas realizadas com pessoas negras que habitam territórios segregados da cidade. A atenção maior volta-se para dois bairros: o Jardim União da Vitória (zona sul), o maior assentamento urbano de Londrina; e o Residencial Vista Bela (zona norte), conjunto habitacional reconhecido como um dos maiores canteiros de obras do Programa “Minha Casa Minha Vida”, do Governo Federal. As análises foram empreendidas à luz tanto de teorias relevantes que abordam concepções sobre raça e espaço urbano, quanto dos diálogos com reflexões decoloniais. Os resultados deste estudo indicam que os mecanismos que operam na produção da segregação urbana da população negra em Londrina são múltiplos e correlacionados, visto envolverem questões econômicas, sociais, raciais, políticas e culturais. As estruturas de opressão são plurais, se relacionam e se sustentam mutuamente. Todavia, a tese central é de que a segregação racial na cidade, mais do que mero reflexo da concentração de negros na base da estrutura de classes, é uma dimensão do racismo estrutural brasileiro; este, por sua vez, encontra importante suporte na colonialidade, padrão de poder multidimensional no qual a raça é cerne como princípio e instrumento de dominação. A consequência é a divisão racial do espaço, caracterizado pela conglomeração dos negros em espaços de invisibilidade, ou de visibilidade hostil, onde cidadania é cerceada. Além dessas dimensões estruturais, atuam impactando a vida de indivíduos e grupos segregados as discriminações e estigmatizações referentes à raça e ao território, que os tornam amplamente vulneráveis às diversas formas de violência, além de influenciar suas perspectivas, expectativas e atitudes, que, não raramente, reforçam suas posições de subalternidade.