Cichla kelberi no reservatório de jupiá-sp: dieta, bromatologia e aspectos parasitológicos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Silva, Bruno da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/192034
Resumo: Cichla kelberi é uma espécie de peixe nativa da bacia hidrográfica do rio Amazonas e Tocantins-Araguaia e introduzida no reservatório de Jupiá, alto rio Paraná, Brasil. Sua introdução proporcionou a pesca esportiva e comercial da espécie nesse reservatório, pois apresenta tecido muscular com características organoléticas (odor, sabor, textura e cor) apreciadas pela população, tornando-se um importante recurso pesqueiro nessa região. Cichla kelberi é considerada uma espécie carnívora/piscívora na maioria dos reservatórios em que ocorre, porém, também é caracterizada por apresentar plasticidade alimentar, uma característica peculiar a um animal topo de cadeia alimentar, o que pode ser acentuada com as variações sazonais, contribuindo com seu sucesso nos reservatórios. Diante das possíveis alterações na dieta, C. kelberi pode sofrer modificações metabólicas em períodos específicos do ano, e ter sua composição bromatológica e perfil de ácidos graxos (FAs) teciduais (fígado e músculo) alterados. Além disso, aspectos parasitários também são fortemente importantes para sanidade do pescado e qualidade alimentar. Assim, investigamos as seguintes hipóteses: 1) C. kelberi apresenta plasticidade alimentar no reservatório de Jupiá, alto rio Paraná, Brasil, a qual influencia o perfil de FA no tecido hepático nos períodos chuvoso e seco; 2) há diferença na qualidade química (composição bromatológica e perfil de FAs) e parasitológica do tecido muscular de C. kelberi, entre os períodos chuvoso e seco, sendo considerado adequado para o consumo humano. A dieta de 25 espécimes por coleta (estação seca e chuvosa) foi analisada pelo método gravimétrico, sendo observadas diferenças significativas entre os períodos chuvoso e seco (Permanova one-way), para amplitude de nicho trófico e variabilidade individual (PERMDISP). Os itens mais importantes para tais diferenças foram Macrobrachium sp. e fragmentos de peixe, com maior variedade de itens alimentares observada no período chuvoso, sugerindo que a espécie seja carnívora/carcinófaga. Foram analisados por cromatografia gasosa o perfil de ácidos graxos dos tecidos hepático e muscular, do conteúdo estomacal e de Macrobrachium sp.. A alteração na dieta entre os períodos pode ter causado à diferenciação do perfil de ácidos graxos hepático e muscular, com grande contribuição de C22:6n3 (DHA, ácido docosahexaenoico), C20:5n3 (EPA, ácido eicosapentaenoico) e C20:4n6 (ARA, ácido araquidônico), com a participação de ácidos graxos de origem vegetal, como C18:2n6 e C18:3n3. Foi caracterizada a composição bromatológica do tecido muscular, não sendo observada diferença significativa entre períodos de coleta, com composição bromatológica esperada para espécies carnívoras. A inspeção realizada por meio de mesa transparente com luz para visualização de cistos parasitários não encontrou larvas encistadas no tecido muscular, concluindo que a espécie apresenta qualidade química e é segura para o consumo humano do ponto de vista parasitológico no reservatório de Jupiá, alto rio Paraná, Brasil. Além disso, os resultados aqui apresentados demonstram que C. kelberi consegue se manter estável m e que a plasticidade alimentar pode ser essencial para seu sucesso nos reservatórios.