Aspectos da linguagem e do comportamento de crianças sem microcefalia expostas à infecção materna pelo vírus Zika

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Sicchieri, Bianca Bortolai
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/215099
Resumo: Introdução: Os efeitos da infecção intraútero do vírus Zika sobre o cérebro em formação foram recentemente descritos, sendo a microcefalia uma das principais manifestações. Ainda dispomos de poucos conhecimentos sobre os efeitos desta infecção sobre a trajetória neurodesenvolvimental das crianças consideradas assintomáticas ao nascimento. Objetivo: Investigar aspectos da linguagem e do comportamento de crianças sem microcefalia expostas à infecção materna pelo vírus Zika (ZIKV). Método: Foi conduzido estudo observacional, transversal numa coorte de crianças nascidas em 2016, cujas mães foram infectadas pelo ZIKV na gestação. Participaram 38 crianças sem microcefalia, sendo 19 expostas ao ZIKV que foram comparadas à 19 não expostas e com histórico neurodesenvolvimental típico. Trinta minutos de interação lúdica e dialógica foi utilizado para investigar aspectos pragmáticos da linguagem e do comportamento do brincar os quais foram registros por meio do Protocolo de Observação Comportamental (PROC). O vocabulário expressivo foi investigado por meio do Teste de Nomeação Infantil (TIN) e pelo inventário de vocabulário expressivo do Questionário de Desenvolvimento de Linguagem (LDS), parte do inventário comportamental Child Behavior Checklist (CBCL) para crianças de 1.5-5 anos. O CBCL também foi utilizado para o levantamento de problemas comportamentais. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva e inferencial. Resultados: Diferenças estatisticamente significantes foram encontradas entre os grupos ZIKV e Comparativo. Crianças do grupo ZIKV apresentaram desempenho inferior nos aspectos pragmáticos da linguagem, menor uso de funções comunicativas (informativa e narrativa), nível inferior de meios de comunicação verbal, de contextualização, de compreensão verbal e vocabulário expressivo quando comparadas às crianças do grupo comparativo. Também apresentaram pontuação inferior no nível de organização do brinquedo. Mais escores clínicos foram encontrados para as crianças do grupo ZIKV nas escalas individuais de problemas de atenção e agressividade, e nas escalas orientadas pelo DSM-5 de estresse, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade e Transtorno Opositivo Desafiador. Correlação negativa foi encontrada entre aspectos pragmáticos da linguagem com problemas comportamentais. Conclusão: Os resultados obtidos indicaram possíveis efeitos da exposição intraútero ao vírus Zika sobre o desenvolvimento da linguagem e do comportamento das crianças neste estudo. Estudos adicionais e com amostra ampliada ainda são necessários para confirmar se as manifestações observadas constituem parte de um espectro de manifestações causadas pelo vírus Zika.