Efeito da metadona intravenosa comparado ao da morfina na qualidade de recuperação anestésica após cirurgia de gastroplastia videolaparoscópica: ensaio clínico prospectivo, randomizado e controlado

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Pontes, João Paulo Jordão
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/214163
Resumo: Introdução e objetivos: a gastroplastia é a terapia mais eficaz para o tratamento da obesidade mórbida ou complicada e tem sido cada vez mais realizada. Entretanto, apesar da evolução da técnica cirúrgica, até 42% dos pacientes experimentam dor importante no pós-operatório o que é reconhecido como fator de risco para desenvolvimento de dor crônica. A estratégia de analgesia baseada em opioides de curta duração, como a morfina, proporciona níveis plasmáticos flutuantes que podem ser insuficientes ou excessivos a ponto de causar depressão respiratória. Neste contexto, a metadona aparece como alternativa atraente durante o período precoce de maior intensidade de dor, uma vez que garante concentração plasmática estável, meia-vida de até 36 horas e baixo risco de depressão respiratória. O objetivo desse ensaio clínico foi avaliar o efeito da metadona intravenosa intraoperatória sobre a qualidade de recuperação pós-operatória comparada à morfina em gastroplastia videolaparoscópica. Métodos: conduzimos estudo prospectivo, paralelo, randomizado, duplo-cego e controlado em pacientes obesos submetidos à gastroplastia videolaparoscópica sob anestesia geral. Cento e quarenta pacientes foram randomizados, dos quais 3 foram excluídos, e alocados em dois grupos: grupo Morfina (n=68) e grupo Metadona (n=69), os quais receberam no intraoperatório 0,1 mg/kg de morfina ou metadona a depender do grupo. O desfecho primário foi a qualidade de recuperação pós-operatória avaliada por meio do escore global do questionário Quality of Recovery-40 (QoR-40) 24 horas após a cirurgia, enquanto os desfechos secundários foram avaliados na sala de recuperação anestésica (SRPA), na noite da cirurgia (T1), manhã seguinte à cirurgia (T2) e noite seguinte à cirurgia (T3). Três meses após a cirurgia, os pacientes foram avaliados quanto à qualidade de vida relacionada à saúde por meio do questionário Short Form Health Survey – 36 (SF-36). Resultados: a mediana (IQR [amplitude]) do escore global do QoR-40 no grupo Metadona foi 194 (190-197[165-200]) sendo significativamente maior quando comparada à do grupo Morfina que foi de 181 (174-185,5 [121-200]) (p<0,0001). Na SRPA, a carga de dor foi menor no grupo Metadona totalizando 120 (15-255 [0-795]) quando comparada ao grupo Morfina que registrou 446,25 (315-592,5 [75-1222,5]) (p<0,0001), assim como a incidência de náuseas e vômitos, respectivamente 22% vs 33% (p=0,046) e 2,8% vs 14,7% (p=0,014), e o consumo cumulativo de opioide resgate 2(0-6 [0-14]) vs 10(6-12 [0-18]) (p<0,0001). Durante internação em enfermaria, o uso de opioides resgate foi menor no grupo metadona quando comparado ao grupo morfina em T1, 5,8% vs 54,4% (p<0,0001), e T2, 0% vs 20,1% (p<0,0001), da mesma forma que a incidência de náuseas também foi menor no grupo metadona 21,7% vs 41,2% (p=0,014). Observamos correlação inversa significativa entre o consumo cumulativo de opioide resgate e os escores globais do QoR-40 (rho = -0,64; p<0,0001). A avaliação de qualidade de vida 3 meses após a cirurgia não mostrou diferença significativa entre os grupos, apesar de análise secundária mostrar que os pacientes que tiveram melhores escores no subcomponente de dor do QoR-40, apresentaram maiores escores globais do SF-36. Conclusão: a metadona intravenosa intraoperatória melhora a qualidade de recuperação pós-operatória nos pacientes submetidos a cirurgia bariátrica laparoscópica comparada à morfina, além de reduzir a dor pós-operatória, o consumo de opioides e a incidência de eventos adversos.