Investigação da infecção por Zika vírus no sistema genital masculino de camundongo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Lima, Maria Letícia Duarte
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/180971
Resumo: O Zika virus (ZIKV), arbovírus pertencente à família Flaviviridae, gênero Flavivirus, teve seu primeiro caso de transmissão autóctone relatado no Brasil em 2015. Sua rápida dispersão, não só pelo Brasil, mas por diversos países do mundo, tem trazido muitas preocupações, principalmente por sua infecção estar relacionada com vários casos de síndrome congênita do Zika em fetos de gestantes infectadas, assim como o aumento do número de casos da síndrome de Guillain-Barré. Além da transmissão por vetores artrópodes, casos de transmissão sexual foram relatados e verificou-se altos títulos virais no sêmen, mesmo após o fim da viremia. Um estudo detectou o vírus no sêmen por 62 dias após o fim dos sintomas, enquanto outro verificou por mais de um ano a presença do vírus nesse mesmo fluido. Para melhor esclarecer a infecção por ZIKV no sistema genital masculino, seus efeitos e em quais órgãos desse sistema o vírus se replica, modelos animais vêm sendo utilizados para tal, dentre eles o camundongo AG129. Este trabalho teve como objetivo estudar a infecção por ZIKV em células e órgãos do sistema genital masculino desses camundongos no pico da viremia. Foram avaliados: testículos, epidídimo e complexo prostático (vesícula seminal e próstata) dois dias após a infecção com o vírus. Para isso, foram utilizados 11 camundongos AG129, divididos em 2 grupos por metodologia: 5 para PCR em tempo real e 6 para imuno-histoquímica. Utilizamos o sangue e cérebro como controle positivo e um camundongo não-infectado em cada metodologia com controle negativo. Detectamos, através de qPCR, a presença do vírus em todos os órgãos analisados e obtivemos a seguinte média de títulos virais (em cópias de RNA) em cada: 6,76x108 no cérebro; 7,6x108 nos testículos; 6,13x108 nos epidídimos; 4,41x107 no complexo prostático e 9,41x1010 no soro. As imuno-histoquímicas demonstraram uma infecção inicial nestes órgãos, em que o vírus pode ser encontrado por muitas vezes próximo ou dentro de vasos sanguíneos, sendo que também pode ter sido observada algumas marcações no tecido em si. Nos testículos e epidídimos a infecção nos tecidos se mostrou mais significativa do que na próstata, mas nesta última também foi possível observar a imunorreatividade para ZIKV em seus epitélios. A verificação da proteína viral não-estrutural NS5, a RNA polimerase viral, nos tecidos dos testículos, epidídimos e até mesmo da próstata dá indícios de que o vírus é capaz de se replicar nestes órgãos. Portanto, a análise em 2 dias após a infecção destes órgãos, demonstrou altos títulos de RNA viral e uma infecção inicial nos tecidos, sendo mais robustas em testículo e epidídimo, além da imunorreatividade próxima a vasos e em leucócitos no interior deles.