A branquitude desvelada: o romance Clara dos Anjos e as relações raciais e de gênero na Primeira República

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Carvalho, Samara dos Santos [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11449/256657
Resumo: Em 1922, Afonso Henriques de Lima Barreto publica seu último romance, Clara dos Anjos, meses antes de seu falecimento. O romance narra uma história de sedução e abandono vivenciada pela personagem-título, uma jovem mestiça de origem humilde. Descrita pelo autor como “uma natureza amorfa, pastosa, que precisava de mãos fortes que a modelassem e fixassem”, a protagonista é alienada em relação à sua condição racial, cuja trajetória de vida é marcada pela exclusão social e pelo racismo, problemáticas centrais em diversas obras de Lima Barreto. O objetivo do trabalho consiste em analisar, no romance Clara dos Anjos, a emergência de uma crítica à construção social branquitude como um marcador simbólico de distinção social diante das aspirações democráticas do Brasil na Primeira República. A hipótese apresentada é que se pode aferir originalidade e pioneirismo em Lima Barreto ao desvelar o racismo e ao problematizar a branquitude como uma ideologia, ou seja, como um constructo capaz de produzir ideias acerca da realidade social. A metodologia utilizada é a análise literária, realizada a partir da perspectiva empregada por Antônio Candido (2000), que consiste em demonstrar, de forma dialética, as particularidades da obra literária em que os elementos caracterizados como externos – os fatores sociais – tornam-se internos, ou seja, desempenham papel fundamental na estrutura narrativa, convertendo-se em expressão estética. Consoante a esta perspectiva, adota-se também como referencial Sevcenko (1999), que vislumbra a literatura como missão, e Bosi (1982), ao caracterizar a obra de Lima Barreto como romance social, em que as condições da vida particular do ator se entrelaçam com a denúncia social presente em sua obra. Busca-se compreender a obra literária enquanto objeto de investigação sociológica sob dois aspectos indissociáveis: a literatura como um fenômeno social de produção, comercialização e consumo, como também, o referencial de uma época, que permite levantar reflexões acerca das contradições raciais e sociais do contexto histórico vivenciado por Lima Barreto. Por fim, aborda-se a importância de analisar relações étnico-raciais como um fenômeno relacional, compreendido em sua esfera simbólica, atrelada a contextos sociais e políticos específicos