Cultura da criança e modernidade: experiência e infância em Walter Benjamin

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Sanches, Eduardo Oliveira [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/150490
Resumo: Este estudo de natureza teórica busca, na Filosofia e na Filosofia da Educação, subsídios para investigar a relação entre infância e experiência na Obra de Walter Benjamin, sob a perspectiva do que Bolle (1984) denominou de cultura da criança no contexto da modernidade. Para direcionarmos nossa investigação, recorremos à análise dos ensaios bejaminianos em que, privilegiadamente, o tema da infância aparece: “Reflexões sobre a criança, o brinquedo, a educação” (2002); “Infância berlinense: 1900” (2013) e “A hora das crianças: narrativas radiofônicas de Walter Benjamin” (2015). A cultura da criança constitui-se e é apresentada nos ensaios de Benjamin por meio de caminhos em que a memória e história se cruzam. Encontramos a noção da cultura da criança em percursos onde o autor recompõe a memória da própria infância, vivida no limiar entre os séculos XIX e XX, em Berlim, bem como em outros trajetos dedicados pelo autor a pensar sobre a criança, realçar e refletir aspectos, tais como sua sensibilidade ou sua condição na modernidade. A cultura da criança, portanto, aparece diluída nos elementos históricos que registram uma temporalidade em transformação e reacomodação dos papéis sociais na sociedade moderna em que a própria ideia de infância é redefinida. No terreno da cultura da criança a expressão lúdica é uma marca de ambivalência entre a imitação e a transformação. Este exercício, na sua autenticidade, não apropriada ideologicamente, provoca tensão à percepção, colocando-a entre o óbvio e o inusitado, uma vez que desarticula uma dada ordenação estabelecida de significados. Nesta noção de lúdico está implicada uma nova qualidade de vínculo com o tempo presente; envolve mesmo uma nova estética, uma nova maneira de perceber e significar as situações, como atitude profanadora. Tal noção aproxima a imagem alegórica da criança de personagens importantes para o autor em suas reflexões, tais como o flâneur e o colecionador. Pensar a infância nesse contexto possibilita pensá-la de modo atemporal, como uma infância do homem e, nessa vertente, como condição humana para a profanação. Enquanto ser dotado de linguagem, a perspectiva de infância do homem prevê um estado de mudez ou gagueira frente ao agoras benjaminianos. Experiência e infância nos conduzem, também, ao que denominamos de infância da criança, para diferenciar aquilo que se destina a uma concepção alegórica de criança e infância em nosso estudo. Para essa ideia, há uma criança cujo protagonismo é um fator muito relevante para a emancipação. Para ela Benjamin dedica uma forma sutil de pedagogia profana por meio das ondas do rádio. Encontramos nas peças radiofônicas a consubstanciação de uma pensar sobre a infância em uma práxis desenvolvida como tentativa promover a resistência e a emancipação da criança em um momento histórico no qual a Juventude Hitlerista pressionava infância e juventude em direção a seu projeto social de dominação. Nesse sentido, pensar uma infância do homem e outra da criança pode ser compreendido, também, como uma tentativa de recuperar ou construir de modo novo as relações entre crianças e adultos, professores e alunos, em nosso tempo presente no século XXI – Jetztzeit: Profanar e resistir!