Parâmetros da fluência em indivíduos que gaguejam falantes do português brasileiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Picoloto, Luana Altran
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/242923
Resumo: Introdução: O conhecimento do perfil evolutivo da gagueira por meio da investigação dos parâmetros da fluência e da classificação da gravidade da gagueira em diferentes faixas etárias é necessário devido às possíveis implicações científicas e clínicas. No entanto, a literatura sobre este tema é escassa. Objetivo: investigar e comparar os parâmetros da fluência, e classificar a gravidade da gagueira em indivíduos com diagnóstico de distúrbio desenvolvimental da fluência da fala em diferentes ciclos de vida. Metodologia: Participaram 200 indivíduos com diagnóstico de gagueira, de ambos os sexos, na faixa etária de 3 a 55 anos e 11 meses, divididos em: Grupo de Pré-Escolares com Gagueira (GPEG) composto por 43 crianças; Grupo de Escolares com Gagueira (GEG) composto por 75 crianças; Grupo de Adolescentes com Gagueira (GAG) constituído por 49 indivíduos, e; Grupo de Adultos com Gagueira (GAdG) composto por 33 adultos. Os procedimentos utilizados foram avaliação da fluência realizada por meio de um registro audiovisual da amostra de fala espontânea, protocolo de transcrição da fala com a análise qualitativa e quantitativa das disfluências, classificadas como Disfluências Típicas da Gagueira (DTG) ou Outras Disfluências (OD) e por fim, o protocolo do Instrumento de Gravidade da Gagueira que teve por objetivo mensurar o grau de acometimento do distúrbio. A análise estatística dos dados foi realizada com auxílio software STATISTIC (versão 23.0), com nível de significância de 5%. Resultados: Os participantes apresentaram maior frequência das disfluências típicas da gagueira (X̅ = 16,1) quando comparadas com a frequência de outras disfluências (X̅ = 14,3). Houve variabilidade na velocidade de fala e na gravidade da gagueira, e a gagueira leve ocorreu em 43% participantes. As tipologias das disfluências típicas da gagueira mais frequentes foram: repetição de palavra monossilábica (X̅ = 5,2), prolongamento (X̅ = 3,0) e bloqueio (X̅ = 3,0). Pré–escolares apresentaram maior frequência de repetição de palavra monossilábica do que os adolescentes (p= 0,012) e adultos (p= 0,008). As pausas ocorreram com maior frequência nos escolares do que os adultos (p= 0,002). Para as outras disfluências as mais frequentes foram hesitação (X̅ = 6,3) e interjeição (X̅ = 4,0). A velocidade de fala dos pré-escolares (130 SPM e 74 PPM) e escolares (137,9 SPM e 77,6 PPM) foi reduzida quando comparada com a velocidade de fala de adolescentes (155,8 SPM e 89 PPM) e adultos (193,5 SPM e 109,5 PPM). O escore de concomitantes físicos dos pré-escolares foi menor quando comparado aos grupos de adolescentes (p= 0,054) e adultos com gagueira (p= 0,170). Os achados similares em todos os grupos foram: quanto maior quantidade de disfluências típicas da gagueira, maior quantidade do total de disfluências e maior escore do Instrumento de Gravidade da Gagueira, e; quanto maior frequência de disfluências típicas da gagueira, menores os fluxos de sílabas e de palavras por minuto. Conclusão: A descontinuidade na fala ocorreu em todos os indivíduos, com predomínio das disfluências típicas da gagueira em relação às outras disfluências. Pré-escolares apresentaram maior mediana de disfluências típicas da gagueira e os adultos maior mediana de outras disfluências. A repetição de palavra monossilábica foi a tipologia de disfluência mais frequente, seguida pelo bloqueio e prolongamento em todos os grupos. A velocidade de fala foi muito variável, sendo menor nos pré-escolares e escolares quando comparados com os adolescentes e adultos. A gagueira leve foi predominante nos escolares, adolescentes e adultos enquanto a moderada prevaleceu nos pré-escolares. Houve relação positiva entre as disfluências típicas da gagueira com o total de disfluências e com o Escore do Total do Instrumento de Gravidade da Gagueira, e relação negativa com a velocidade de fala em todos os grupos etários.