Efeito da retroalimentação auditiva atrasada na gagueira com e sem alteração do processamento auditivo central

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Picoloto, Luana Altran [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/150557
Resumo: O atraso na retroalimentação auditiva tem sido utilizado na gagueira há 50 anos. No entanto, ainda não há consenso sobre qual é o perfil de indivíduos gagos que mais se beneficia com o uso deste recurso. Por que há sucessos e insucessos na utilização da retroalimentação auditiva atrasada nos indivíduos gagos? Algumas variáveis podem interferir nos resultados da retroalimentação auditiva atrasada, como a idade, o gênero, o tempo de atraso, a gravidade da gagueira, a tipologia das disfluências, entre outras. Porém, vale ressaltar que é o sistema auditivo que monitora simultaneamente e continuamente os sons externos do ambiente acústico durante a fala, além de propiciar a retroalimentação da própria voz. Acredita-se que as habilidades auditivas representam importantes variáveis que influenciam os efeitos das alterações na retroalimentação auditiva. Neste sentido, o objetivo geral deste trabalho foi verificar os efeitos da retroalimentação auditiva atrasada na fluência da fala de indivíduos gagos com e sem alteração do processamento auditivo central, por meio da análise das tipologias e frequência das disfluências, da gravidade da gagueira e da taxa de elocução. Participaram deste estudo 20 indivíduos de ambos os gêneros, na faixa etária de 7 a 17 anos, com diagnóstico de gagueira do desenvolvimento persistente, divididos em dois grupos: Grupo Pesquisa 1 (GP1), composto por dez indivíduos, com alteração do processamento auditivo central; e Grupo Pesquisa 2 (GP2), composto por dez indivíduos, sem alteração de processamento auditivo central. Os seguintes procedimentos foram utilizados: avaliação da fluência (fala espontânea) em duas condições de escuta, com retroalimentação auditiva habitual (RAH) e atrasada (RAA), avaliação da gravidade da gagueira e do processamento auditivo central. O software Fono Tools foi utilizado para provocar o atraso na retroalimentação auditiva de 100 milisegundos. Foi realizada a análise estatística dos dados com o teste dos “Postos Sinalizados de Wilcoxon”, para análise intragrupos, e o teste de “Mann-Whitney”, para análise intergrupos, para a elaboração das figuras, foi utilizado o software Prism 5.0 (Graphpad Software, Inc.). Os resultados mostraram efeitos diversos entre os indivíduos gagos com e sem alteração do processamento auditivo central. Duas tipologias de disfluências típicas da gagueira apresentaram redução estatisticamente significante sob o efeito da RAA no GP2, a saber, bloqueios (p=0,010) e repetições de palavras (p=0,042). Houve redução significativa na quantidade de disfluências de duração (bloqueio, prolongamento e pausa) (p=0,036) para os indivíduos do GP2. No Instrumento de Gravidade da Gagueira, foi possível verificar no GP2 diminuição estatisticamente significante no escore da frequência das disfluências típicas da gagueira (p=0,048). Os dois grupos não mostraram diferenças quanto à taxa de elocução e outras disfluências entre as condições de RAH e RAA. Nas variáveis analisadas, verificou-se que a retroalimentação auditiva atrasada não provocou efeitos estatisticamente significantes nos indivíduos do GP1. Como conclusão, os dados demonstraram que o efeito da retroalimentação auditiva atrasada na fala de indivíduos gagos sem alteração do processamento auditivo central (Grupo Pesquisa 2) foi positivo, uma vez que provocou redução estatisticamente significante: na quantidade de bloqueios e de repetições de palavras; na frequência das disfluências típicas da gagueira de duração; e no escore da frequência das disfluências típicas da gagueira, no Instrumento de Gravidade da Gagueira. Os efeitos do atraso na retroalimentação auditiva foram diversos entre os indivíduos gagos com e sem alteração do processamento auditivo central, sugerindo que o fonoaudiólogo deveria avaliar as habilidades auditivas para realizar a indicação do uso da retroalimentação auditiva atrasada na gagueira. Os resultados sugerem que o atraso na retroalimentação auditiva para os indivíduos gagos sem alteração do processamento auditivo central seja um recurso terapêutico viável.