São Miguel: política e arte em um bairro da periferia paulistana (1978-1985)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Camargo, Valdemir Bueno [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
MPA
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/151470
Resumo: Contar a história de um fragmento é contar a história do todo, e, inevitavelmente, foi necessário fazer um preâmbulo maior e isso nos levou a discutir várias possibilidades, entre elas, a inevitável necessidade de situar historicamente a cidade de São Paulo dentro dos marcos do capitalismo e, ainda, no interior do capitalismo monopolista-financeiro e de suas políticas neoliberais; da evolução industrial urbana brasileira, seus compassos e contradições envolvidos nas teias político-ideológicas do nacional-desenvolvimentismo de base popular e do desenvolvimentismo associado ao capital transnacional de base civil-militar, e de tudo que isso envolveu em termos de movimentos populacionais e suas consequências sociais. E, ainda, como se teria dado a evolução do pensamento, da produção e da linguagem artística, envolvendo o debate entre as diferentes formas de se entender a finalidade da arte.Tudo isso sem incorrer em excessos formalísticos, procurando utilizar uma escrita e uma disposição de conteúdos didaticamente objetivas e concisas, sem perder de mira a necessidade de contar a história de uma sociedade por meio de algumas de suas maneiras de expressão cultural artística, a partir de uma dada realidade espaço-temporal. A opção pela arte engajada, objeto de denúncia e luta em prol de uma sociedade mais justa e igualitária, pareceu-nos a única possível quando se tratava desses objetivos e, nesse sentido, a descoberta do MPA, sua história e sua produção, nos possibilitou traçar essa linha da história social por meio da cultura, das migrações e das questões de identidade. Aos movimentos sociais da década de 1960, como notou-se, seguiu-se um bem articulado discurso midiático-corporativo-estatal, que conseguiu absorver e transformar os protestos em meras manifestações representativas dos direitos civis das minorias, não permitindo que houvesse uma discussão mais profunda sobre a crise do capitalismo. Formou-se um discurso ideológico neoliberal ensurdecedor que fez com que as vozes de protesto fossem baixando até que não pudessem ser ouvidas.Ser da geração que nasceu em 1968 e que alcançou a juventude nos anos 80 deixou em nós a sensação de um grito que ficou preso na garganta, ou, talvez, perdido no ar. Somos aqueles que poderiam ter sido tudo, filhos da geração que havia vivido todas as ilusões e sofrido todos os conflitos da transição do Brasil rural para o país urbano-industrial. Porém, acabamos por nos tornar a geração perdida, emboscados por um processo de redemocratização que se cumpriu tão somente no nível partidário e que foi capaz, ainda, de continuar empregando e aperfeiçoando o aparato de repressão sobre as classes menos favorecidas. De repente, o discurso da segurança nacional contra a ameaça comunista foi substituído pelo da segurança urbana e pela ameaça do narcotráfico e da violência.