Influência do tolueno como contaminante dos solos na imunopatogenia de Sporothrix schenckii

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Téllez Martínez, Damiana
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/154351
Resumo: A esporotricose é uma micose subcutânea emergente que acomete animais e humanos, causada por espécies patogênicas do fungo Sporothrix schenckii senso lato. A doença, distribuída em todo o mundo, é mais freqüente na América Latina e países como Brasil, Uruguai, Peru e Colômbia constituem áreas endêmicas. No Brasil, a doença tornou-se um problema de saúde em razão do aumento de casos, manifestando-se com uma intrigante transmissão zoonótica por gatos. Os fatores ambientais extremos modificam a fisiologia dos microrganismos, permitindo sua sobrevivência e induzendo mudanças na virulência dos fungos patógenos com incidência direta no sistema imune. O tolueno encontra-se dentre os principais contaminantes dos solos como consequencia dos derramamentos de gasolinas, resíduos da indústria, dentre outras fontes de poluição, porém, o efeito deste contaminante sobre a virulência do fungo S. schenckii ainda não foi elucidado. Neste estudo foi avaliado o crescimento e a virulência de S. schenckii quando exposto ao tolueno. O fungo sobreviveu a 0,01 e 0,10% (vol/vol) de tolueno, sendo a população reduzida até 17,5 e 5,4%, respectivamente. O consumo de tolueno na concentração 0,01% mostrou uma redução de 26% após 48 horas. As enzimas superóxido dismutase e catalase nos fungos expostos ao tolueno foram altamente expressas, o qual permitiu uma maior remoção das espécies reativas de oxigênio intracelular nos fungos expostos, e uma menor sensibilidade à exposição de H2O2 sendo que resistiram até 62,5 mM, entretanto, àqueles não crescidos em tolueno cresceram somente até 31,25 mM. A presença de melanossomas em conídios expostos ao tolueno foi significativamente maior. A virulência avaliada em camundongos Balb/c infectados com fungos expostos a 0,10% de tolueno pela via intraperitoneal apresentou maior carga fúngica em baço e fígado e mais alta produção de óxido nítrico, IL-1β, TNF-α e IL-10 em macrófagos peritoneais. A resposta à infecção pela via subcutânea mostrou também maior carga fúngica no fígado e pele dos animais infectados com fungo expostos a 0,10%, e revelou uma marcada reação inflamatória granulomatosa como resposta a uma maior virulência desses fungos demonstrados por estudos anatomopatologico. A resposta imunológica associada mostrou uma elevação dos linfócitos Th1/Th17 e Tregs no soro por meio da liberação de mediadores da imunidade específica: IFNƔ, IL-17 e IL-10. No modelo subcutâneo também se observou um aumento dos níveis de linfócitos do perfil Th1 e Th1/Th17 com fenotipagem CD3+CD4+CD25+IFNɣ e CD3+CD4+CD25+ IFNɣ/CD3+ CD4+ CD25+ IL-17; tais modificações das populaçoes linfocitarias tiveram uma expresão na citocinas do padrão Th1 (IL-2, IFNɣ, TNF), Th2 (IL-4, IL-6, IL-10) e Th17 (IL-17). Também se observou um aumento das células Tregs com fenótipo CD3+CD4+CD25+Foxp3+ e a citocina antinflamatória IL-10 como reflexo da necessidade de compensar a excessiva resposta inflamatória causada pela virulência do fungo. Os resultados mostram o aumento da virulência de S. schenckii após a exposição ao tolueno, o que corrobora a hipótese de que influências ambientais produzem mudanças na virulência fúngica e constitui uma maneira de explicar, pelo menos em parte, o surgimento de possíveis surtos em regiões altamente poluídas.