Efeito da época da queima na dinâmica de campo sujo de Cerrado

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Rissi, Mariana Ninno [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/138949
Resumo: Queimadas descontroladas e de grandes proporções estão entre as principais ameaças à biodiversidade do Cerrado. A época da queima é um dos elementos do regime do fogo, e estudos sobre seus efeitos na dinâmica da vegetação pós-fogo podem auxiliar no uso de queimas prescritas como ferramenta de manejo. Desta forma, o objetivo desta tese foi avaliar os resultados da época da queima no comportamento do fogo e na dinâmica da vegetação herbácea-arbustiva de uma área de campo sujo. Os experimentos foram realizados na Reserva Natural Serra do Tombador (Goiás). Primeiramente, comparamos o comportamento do fogo nas diferentes épocas de queima, dando subsídios para seu uso como ferramenta de manejo. Além disso, investigamos o efeito das épocas de queima nos padrões de recuperação/acumulação da biomassa (total, morta e viva), na fenologia (da comunidade e dos grupos funcionais: graminóides, herbáceas não graminóides e arbustos) e na dinâmica dos diferentes elementos da vegetação herbácea-arbustiva (solo nu, biomassa morta, graminóides, herbáceas e arbustos). Para tal, parcelas experimentais (30x30m) foram estabelecidas e queimadas em maio (queima precoce, início da estação seca), julho (queima modal, meio da estação seca), outubro (queima tardia, final da seca) e controle (não queimada, 4 réplicas/tratamento, total de 16 parcelas). Dentro de cada parcela experimental, dez subparcelas foram sorteadas e estabelecidas (1x1m) para análise da dinâmica e acompanhamento do padrão fenológico pós-fogo. As coletas de biomassa foram realizadas em cinco subparcelas de (0,5x0,5m), sorteadas aleatoriamente na borda das parcelas. O comportamento do fogo (ex: intensidade, taxa de propagação e altura da chama) não diferiu entre as épocas da queima, mas a porcentagem de material combustível morto foi maior no meio (modal) e final da seca (tardia). O material combustível total e a sua composição (porcentagem de material combustível morto) foram os parâmetros que melhor explicaram a intensidade do fogo. A regeneração da biomassa viva não foi afetada por nenhuma época da queima, enquanto que as diferenças na composição da biomassa (entre parcelas queimadas e controle) foi guiada pela quantidade de biomassa morta. A acumulação de biomassa entre as parcelas controles e queimadas foi diferente apenas no primeiro ano após a queima. No entanto, os padrões de biomassa total, viva e morta ao longo do tempo não foram afetados pela época da queima. Quanto à fenologia, queimas precoces promoveram uma maior floração da comunidade, principalmente de graminóides, logo após a queima, enquanto que nas queimas modais mais arbustos floresceram (ao longo do primeiro ano após a queima) e mais espécies frutificaram após um ano. Nas parcelas de queimas tardias mais espécies da comunidade e arbusto floresceram ao longo do ano e mais espécies frutificaram nove meses e um ano após a queima. Além disso, as respostas das espécies após o fogo foram distintas e pudemos agrupá-las de acordo com os padrões de floração pós-queima. A dinâmica da vegetação herbácea parece estar relacionada com a sazonalidade (época seca e chuvosa), em geral a época da queima não modificou os padrões de cobertura, riqueza e diversidade, sugerindo que em curto prazo a época da queima exerce efeitos sutis na dinâmica desta vegetação. Os resultados deste estudo poderão auxiliar na compreensão do comportamento do fogo e da dinâmica da vegetação nas diferentes épocas de queima, auxiliando na elaboração de planos de manejo nos quais o fogo possa ser uma alternativa para o manejo da vegetação campo sujo de Cerrado.