Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Machado, André Luiz [UNESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/235783
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Resumo: |
Os limites e as interseções entre fala, canto e música – em especial no que se refere à expressão das emoções – são objeto deste trabalho. Pensando especificamente no canto, a literatura da área começa a questionar se cantar e falar são fazeres distintos que se utilizam da mesma materialidade, ou então polos opostos em um contínuo. Nesse sentido, o que faz com que o rap ou o recitativo de uma ópera sejam interpretados como “não-canto”, enquanto alguns sotaques, por exemplos, são considerados “mais cantados” do que outros? De um ponto de vista teórico, a discussão e a busca por parâmetros objetivos que nos permitam demarcar os limites entre música, canto e fala nos levam, a princípio, a pensar na estabilidade das frequências sequenciais e na regularidade rítmica do enunciado, bem como nas próprias definições de língua, linguagem e significado. Com base em experimentos já realizados com falantes de inglês americano, holandês e japonês (que verificaram coincidências acústicas na expressão de emoções tanto na fala quanto na música), amostras bissilábicas de atores e músicos expressando quatro emoções básicas (raiva, alegria, tristeza e simpatia) foram analisadas através dos programas Praat e Melodyne, de modo a se obter estilizações das curvas melódicas, as quais correspondem a intervalos musicais. Assim, pode-se verificar se os intervalos musicais também podem ser considerados parâmetros acústicos confiáveis na expressão de carga emocional nos enunciados, e se a ocorrência desses intervalos na fala também corresponde ao uso desses intervalos na música. Em outro experimento, através da aplicação de um questionário online, informantes foram expostos a duas versões da mesma gravação de um enunciado cantado, sendo uma delas alterada digitalmente de modo a mudar os intervalos da melodia. Ao pedir que os informantes associassem o estímulo sonoro a uma dentre quatro imagens de expressões faciais médias das emoções da coleção Averaged Karolinska Directed Emotional Faces – AKDFE, buscamos verificar se a manipulação dos intervalos cantados acarretaria associações distintas. Por fim, também através de questionário online e da exposição a amostras de fala em diferentes idiomas, tentamos lançar luz à percepção de alguns idiomas como mais melodiosos do que outros. Os resultados obtidos neste trabalho podem ser resumidos em três pontos: 1) a expressão das emoções por parte dos falantes de português brasileiro não apresentou correspondências ao uso de intervalos musicais; 2) a percepção da carga emocional de um enunciado melódico não foi correlacionada com a presença de intervalos específicos, mas com a percepção de tonalidade expressa pela melodia; 3) um menor número de consoantes e, principalmente, maior variação da altura melódica, são fatores que parecem estar ligados à percepção de uma língua como mais musical e melodiosa. Para além destes resultados, argumentamos que vários trabalhos anteriores comparando a expressão na música e na fala não apresentam a clareza necessária na definição de conceitos, e apontamos a investigação da percepção estética das características fonéticas e fonológicas dos idiomas como um campo potencialmente contencioso, mas promissor. |