Fatores emocionais durante uma escuta musical afetam a percepção temporal de músicos e não-músicos?

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Ramos, Danilo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-08102008-013413/
Resumo: RAMOS, Danilo. Fatores emocionais durante uma escuta musical afetam a percepção temporal de músicos e não músicos? 2008, 268 p. Tese (Doutorado). Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto. Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2008. Esta pesquisa teve como objetivo verificar o papel das emoções desencadeadas pela música na percepção temporal de músicos e não músicos. Quatro experimentos foram realizados: no Experimento I, músicos e não músicos realizaram tarefas de associações emocionais a trechos musicais de 36 segundos de duração, pertencentes ao repertório erudito ocidental. A tarefa consistia em escutar cada trecho musical e associá-lo às categorias emocionais Alegria, Serenidade, Tristeza, Medo ou Raiva. Os resultados mostraram que a maioria dos trechos musicais desencadeou uma única emoção específica nos ouvintes; além disso, as associações emocionais dos músicos foram semelhantes às associações emocionais dos não músicos para a maioria dos trechos musicais apresentados. No Experimento II, músicos e não músicos realizaram tarefas de associação temporal aos trechos musicais mais representativos de cada emoção, utilizados no Experimento I. Assim, os trechos musicais eram apresentados e os participantes deveriam associar cada um deles a durações de 16, 18, 20, 22 ou 24 segundos. Os resultados mostraram que, para o grupo Músicos, os três trechos musicais associados à Tristeza foram subestimados em relação às suas durações reais; nenhuma outra categoria emocional apresentou mais do que um trecho musical sendo subestimado ou superestimado em relação a suas durações reais, para ambos os grupos. Pesquisas recentes em Psicologia da Música têm mostrado duas propriedades estruturais como sendo moduladoras da percepção de emoções específicas durante uma escuta musical: o modo (organização das notas dentro de uma escala musical) e o andamento (número de batidas por minuto). Assim, no Experimento III, músicos e não músicos realizaram tarefas de associações emocionais a composições musicais construídas em sete modos (Jônio, Dórico, Frígio, Lídio, Mixolídio, Eólio e Lócrio) e três andamentos (adágio, moderato e presto). O procedimento foi o mesmo utilizado no Experimento I. Os resultados mostraram que o modo musical modulou a valência afetiva desencadeada pelos trechos musicais: trechos musicais apresentados em modos maiores obtiveram índices positivos de valência afetiva e trechos musicais apresentados em modos menores obtiveram índices negativos de valência afetiva; além disso, o andamento musical modulou o arousal desencadeado pelos trechos musicais: quanto mais rápido o andamento do trecho musical, maiores os níveis de arousal desencadeados e vice-versa. No Experimento IV, músicos e não músicos realizaram tarefas de associação temporal aos trechos musicais modais utilizados no Experimento III. O procedimento foi o mesmo utilizado no Experimento II. Os resultados mostraram que manipulações, principalmente no arousal, afetaram a percepção temporal dos ouvintes: para ambos os grupos, foram encontradas subestimações temporais para trechos musicais desencadeadores de baixos índices de arousal; além disso, para o grupo Não Músicos, foram encontradas superestimações temporais para trechos musicais desencadeadores de altos índices de arousal. Estes resultados mostraram que, no caso dos músicos, a percepção temporal foi afetada por atmosferas emocionais relacionadas à Tristeza; no caso dos Não Músicos, a percepção temporal foi afetada por fatores relacionados ao nível do arousal dos eventos musicais apreciados.