Investigação citogenômica em pacientes com cardiopatias congênitas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Gomes, Thársis Gabryel
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/154505
Resumo: As cardiopatias congênitas (CCs) podem ser definidas como qualquer anormalidade na estrutura e/ou na função cardiocirculatória presente ao nascimento. Constituem as malformações congênitas mais comuns entre recém-nascidos vivos, podendo se apresentar de duas formas: isoladas (ou não sindrômicas) e sindrômicas. De caráter multifatorial, o surgimento de CCs envolve fatores ambientais, genéticos e epigenéticos. A etiologia genética de CCs ainda é pouco conhecida. Entre as causas genéticas conhecidas, podemos destacar: aneuploidias, alterações na estrutura dos cromossomos, desequilíbrios citogenômicos (perdas e ganhos genômicos ou variações no número de cópias genômicas – CNVs), mutações pontuais, variações em um único nucleotídeo, entre outras. Dentre essas, as CNVs contribuem com aproximadamente 10% na etiologia genética de CCs não sindrômicas, e cerca de 20% entre as sindrômicas. O objetivo deste trabalho foi investigar possíveis desequilíbrios citogenômicos em pacientes diagnosticados com CCs sindrômicas e não sindrômicas idiopáticas. Foram recrutados 31 pacientes, sendo 13 sindrômicos e 18 não sindrômicos. Todos foram submetidos à avaliação genético-clínica. As amostras foram coletadas a partir do sangue periférico, e realizou-se o cariótipo convencional para todos os sindrômicos. A análise por MLPA foi realizada em 27 pacientes. O DNA genômico dos pacientes sindrômicos selecionados foi submetido a duas plataformas de CMA (array-CGH/SNP arrays): SNP-array 850K HumanCytoSNP (Illumina®) e SurePrint G3 Human CGH Microarray Kit, 4x180K (Agilent Technologies®). Os resultados foram analisados através de bancos de dados online. A análise pela MLPA na região cromossômica 22q11.2 não evidenciou alterações, exceto para uma paciente não sindrômica que apresentou duplicação envolvendo o gene TOP3B, uma alteração sem relevância clínica até o momento. Dos 6 pacientes analisados pela CMA, 4 foram normais e 2 apresentaram alterações (pacientes 8325 e 8362). O paciente 8325 apresentou uma deleção de 159,11 kb em 1p36.11 envolvendo 4 genes, e uma ausência de heterozigosidade (AOH) em 2p13.2p12, abrangendo 45 genes e indicando uma dissomia uniparental. A deleção encontrada é benigna, enquanto a AOH possui genes que, quando em presença de mutações recessivas, podem ser causais. Já o paciente 8362 apresentou trissomia parcial de 15q25.2q26.3 (tamanho de 18,4 Mb e envolvendo 124 genes) e simultânea monossomia parcial de 18p11.32p11.22 (tamanho de 8,7 Mb, contendo 40 genes). Na região de 15q25.2q26.3 foram identificados 12 genes possivelmente candidatos à CC encontrada no paciente, entre eles ADAMTSL3, MCTP2, MESF2A, MESP1, MESP2 e NTRK3. Outros 6 genes nessa região podem estar associados às alterações neurológicas encontradas no paciente. Em relação à perda genômica em 18p11.32p11.22, apenas um gene (TYMS) parece estar relacionado à CC, enquanto outros 10 genes apresentam relação com algumas alterações extracardíacas. Os resultados evidenciam a contribuição de fatores genéticos na gênese das anomalias congênitas observadas. Entretanto, não explicam todas as alterações de forma holística, havendo a necessidade de mais investigações para a definição de uma correlação genótipo-fenótipo mais robusta e mais sinérgica.