Sur o no Sur: cultura na formação de professores de línguas em contextos ibero-americanos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Tonelli, Fernanda [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/192878
Resumo: Esta pesquisa teve como objetivo discutir o tratamento da cultura na formação de professores de línguas estrangeiras e os desafios e caminhos para a interculturalidade crítica decolonial na formação docente. Por meio de pesquisa qualitativa interpretativista do tipo estudo de casos múltiplos latitudinal, analisou-se como o componente cultural se apresenta em cursos de formação de professores de línguas próximas de contextos do Sul e Norte globais. Especificamente, foram objeto de estudo quatro cursos universitários de formação de professores, sendo dois de formação de professores de espanhol — um no Brasil e um em Portugal — e dois de formação de professores de português — um na Argentina e um na Espanha. Foram analisados documentos pedagógicos de tais cursos, entrevistas com seus professores formadores, notas de campo, questionários e grupos de interação composto por estudantes em formação. A análise dos dados se fundamentou teoricamente na discussão sobre diferentes noções de cultura (CUCHE, 1996; GEERTZ, 1973; KRAMSCH, 2017), as definições de multiculturalismo, interculturalidade e interculturalidade crítica, com base nos trabalhos de Maher (2007), Candau (2008a, 2009), Guilherme (2019a) e Walsh (2010), a noção de colonialidade e pensamento decolonial (QUIJANO, 2001; DUSSEL, 1968, 2005; GROSFOGUEL, 2008) e reflexões sobre a formação do professor de línguas para a interculturalidade crítica decolonial, com base nos trabalhos de Candau (2008a, 2009), Daher e Sant’Anna (2010), Baptista (2017) e Rajagopalan (2003). Os resultados indicaram que em todos os casos analisados persiste uma matriz colonialista na formação do docente de línguas. Essa matriz se expressa em maior ou menor grau sobretudo por meio de uma perspectiva essencialista de cultura nos cursos, de uma suposta neutralidade linguística e cultural — que contribui para a invisibilidade de identidades linguístico-culturais que se encontram abaixo da linha abissal (SANTOS, 2007) — e do processo de subalternização epistêmica, que reforça formas de ser e saber hegemônicas. Como encaminhamentos para o desenvolvimento da interculturalidade crítica decolonial, foram apresentadas algumas práticas relatadas pelos participantes da pesquisa, como a inserção do componente intercultural crítico no curso de formação, da prática docente reflexiva sensível à articulação entre conteúdos teóricos e práticos e a visibilidade de variedades linguísticas e culturais na formação docente. Os resultados desta pesquisa contribuem para o desenvolvimento de teorias no campo de estudos da Linguística Aplicada, bem como de metodologias, propostas pedagógicas e políticas linguísticas que tratam do componente cultural na formação docente. Nestes casos, o enfoque está na interculturalidade crítica decolonial e no diálogo entre saberes do Sul e do Norte, com especial atenção para a visibilidade de seres e saberes vindos do Sul.