Multifuncionalidade e gramaticalização de Já no português falado culto

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2006
Autor(a) principal: Câmara, Aliana Lopes [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/86612
Resumo: O trabalho objetiva investigar e descrever o caráter multifuncional da partícula já no português brasileiro falado culto, enfatizando principalmente os níveis e camadas de análise da Gramática Funcional de Dik (1989) e da recente Gramática Funcional do Discurso (HENGEVELD, 1989 e 2004; HENGEVELD & MACKENZIE, no prelo). A hipótese principal é que há vários tipos de já que são distribuídos de acordo com características sintáticas, semânticas e pragmáticas em diferentes níveis e camadas de atuação gramatical. Um desses tipos é o aspectual que dispõe de características similares ao uso de already em inglês e que é analisado como marcador de aspecto inceptivo com diferentes funções semânticas no discurso de acordo com a proposta de Michaelis (1996) para a língua inglesa. A multifuncionalidade de já permite a investigação do item como possuindo características mais ou menos concretas, o que sugere estar envolvido um processo de gramaticalização. Nessa direção, faz-se necessária a aplicação (i) dos princípios gerais de Hopper (1991) e (ii) dos domínios cognitivos de Sweetser (1991), entre outros. Além disso, nossa definição de gramaticalização vai além da tradicional, segundo a qual a gramaticalização é um processo em que um item lexical assume características mais gramaticais, ou um item gramatical se torna ainda mais gramatical. Acrescenta-se aqui, de acordo com Traugott (1995), que, nesse processo, o item pode sofrer um acréscimo de características discursivas, o que leva a entender o Discurso como fazendo parte da gramática da língua. Essa opção teórica coincide com a proposta multifuncional adotada, uma vez que, na GFD, o Discurso constitui um dos níveis de análise dentro da gramática. A amostra lingüística de já foi extraída do córpus mínimo do Projeto Gramática do Português Falado, que advém de dados do Projeto NURC.