A cor da resistência: os sentidos em torno da negritude no discurso do rap cubano e do rap brasileiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Babi, Yanelys Abreu [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Rap
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/149832
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo fundamental analisar e descrever, nos discursos do rap cubano e do rap brasileiro, os mecanismos relacionados com as noções teóricas de condições de produção, formação ideológica e formação discursiva, que são usados na construção de sentidos em torno da negritude. Para tanto, tomou-se como base o universo teórico da Análise do Discurso de Michel Pêcheux, que coloca a importância dessas noções. Para analisar os sentidos atribuídos à negritude no rap cubano e no rap brasileiro definiu-se quem fala e para quem; o objeto do discurso; as forças em confronto no marco das relações étnico-raciais em Cuba e no Brasil; e a noção de pré-construído. A pesquisa tem enfoque comparativo e salienta os pontos em comum entre as relações étnico-raciais em ambos os países, assim como as diferenças entre as formas como se expressa o racismo nesses contextos. Foram analisados vinte raps (dez de cada país), compostos por rappers negros das cidades de Havana e de São Paulo, no período entre 2000 e 2012. Verifica-se, nos discursos estudados, uma atribuição de sentidos positivos para a negritude, como resposta aos sentidos negativos que circulam majoritariamente em ambas as sociedades e são usados para inferiorizar o grupo étnico-racial negro. Esses sentidos são construídos em torno do corpo, da história, da cultura, do comportamento e da inserção social do negro e se relacionam, fundamentalmente, com beleza, coragem, inteligência, orgulho, fortaleza, religiosidade, revolta, humanidade, resistência, honestidade e superação. Os sentidos construídos em torno da imagem da mulher negra, vítima de machismo e racismo em ambas as sociedades, também são relevantes na análise. Este trabalho procura trazer contribuições para os estudos linguísticos e culturais que fazem referência tanto à sociedade cubana como à brasileira. No contexto cubano, em que o discurso do gênero constitui uma das principais plataformas de denúncia contra o racismo, o presente trabalho contribui para ampliar a bibliografia sobre a relação, ainda pouco abordada nos estudos linguísticos e culturais, entre rap e relações étnico-raciais. No caso do Brasil, mesmo havendo um maior número de pesquisas sobre o assunto, a realização de um estudo como o proposto joga luzes sobre a maneira como o racismo opera em realidades sociais com um histórico similar. Em ambos os países, esta tese favorece a visibilidade das formas de resistência desenvolvidas pela população negra.