Identificação de barreiras para atendimento oftalmológico dentro do Sistema Único de Saúde

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Rezende, Marcelo Abrão
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/154818
Resumo: Introdução: O atendimento oftalmológico prestado pelas diferentes cidades no território nacional difere na oferta de serviços e complexidade. Além disso, a oftalmologia é uma especialidade altamente dependente de equipamentos para a prestação da assistência. Assim, os municípios menores e com menos recursos, muitas vezes, ficam desassistidos. Nesse sentido, a atuação de unidades móveis oftalmológicas (UMO) equipadas para a realização de exames refracionais poderiam reduzir a demanda para serviços terciários e reduzir algumas das barreiras para o atendimento oftalmológico dentro do Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, mesmo com o atendimento prestado pela UMO e encaminhamento dos casos mais complexos ao serviço terciário, alguns pacientes não comparecem ao serviço de referência. Objetivo: Verificar as causas para a não adesão ao encaminhamento ao serviço de referência para tratamento das possíveis causas de cegueira/ deficiência visual, detectadas na comunidade por meio de triagem oftalmológica realizada pela UMO. Material e Métodos: Estudo prospectivo e observacional realizado com pacientes atendidos pela UMO em 10 municípios do centro-oeste paulista no ano de 2015. Após atendimento realizado pela UMO nos municípios, os pacientes que necessitaram de cuidados no nível terciário foram encaminhados para o centro de referência da região, o Hospital das Clínicas de Botucatu (HC-FMB). Porém, alguns pacientes não aderiram ao encaminhamento e estes foram o objeto deste estudo. Procurou-se identificar os motivos de não adesão e as barreiras para o atendimento oftalmológico através de duas diretrizes: (1) análise comparativa dos dados dos pacientes encaminhados e dos pacientes que não compareceram ao serviço de referência; (2) aplicação de um questionário aos indivíduos faltosos, localizados através de busca ativa. A busca ativa foi realizada com auxílio das Secretarias de Saúde dos respectivos municípios e do serviço social do HC-FMB ou por meio de contato telefônico direto com o indivíduo faltoso. Além disso, foram utilizados dados demográficos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística para avaliação das condições de assistência oftalmológica de cada um dos municípios participantes. Análise estatística realizada no SPSS 22.0, considerado significativo p<0,05. Resultados: Foram atendidos 1928 indivíduos pela UMO, sendo encaminhados 714 (37,0%) ao serviço especializado. Dos pacientes encaminhados, 227 (31,8%) não compareceram ao serviço referenciado. A média de idade dos pacientes encaminhados foi de 57,12±19,53 anos, sendo 59,9% do sexo feminino, com acuidade visual (AV) corrigida no melhor olho de 0,37±0,36 logMAR, sendo 47 (6,6%) cegos e 185 (26,5%) deficientes visuais. Entre os pacientes que não compareceram, a média de idade foi de 56,08±16,23, sendo 62,9% do sexo feminino, com a AV com correção no melhor olho, de 0,36±0,22 logMAR, sendo 12 (5,4%) cegos e 48 (21,6%) deficientes visuais. Entre os 12 pacientes que preenchiam os critérios para cegueira e que não compareceram ao encaminhamento, 10 (83,3%) apresentavam causas reversíveis de cegueira. A não adesão ao encaminhamento variou de 16,8% a 46,8% conforme o munícipio de origem. Dos 227 pacientes que não compareceram ao serviço, 101 (44,5%) deveriam comparecer ao ambulatório de catarata; 67, (29,5%) ao ambulatório de plástica ocular/doenças externas; 34, (14,9%) ao ambulatório de glaucoma; 9, (3,9%) ao ambulatório de estrabismo; 8, (3,5%) ao ambulatório de retina; e 8 (3,5%) ao ambulatório de córnea. A busca ativa dos 227 pacientes que não compareceram ao atendimento referenciado localizou 140 (62%) pacientes. Os motivos de não comparecimento mais referidos pelos pacientes foram: 31 (22,1%) procuraram outro serviço (particular ou terciário), 17 (12,1%) outros motivos, 16 (11,4%) por doença/motivo que incapacita viajar, 15 (10,7%) faleceram ou mudaram de endereço ou cidade e 14 (10,0%), por não entenderem as explicações do médico. Conclusão: A adesão ao tratamento oftalmológico, após o diagnóstico da condição ocular feito utilizando uma unidade móvel, é dependente de fatores relacionados ao próprio paciente ou relacionada a falta de conhecimento das afecções oftalmológicas que podem levar a cegueira. Há necessidade de campanhas de conscientização para que a adesão aos tratamentos propostos possa ser mais satisfatória.