Dinâmica florestal e estoque de carbono em fragmentos de Mata Atlântica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Justino, Servio Tulio Pereira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11449/255276
http://lattes.cnpq.br/6435440748550629
Resumo: A Mata Atlântica brasileira (BAF), reconhecida como um hotspot de biodiversidade, encontra-se em grave ameaça devido à fragmentação de sua paisagem, resultado de impactos ambientais. A diversidade existente nos fragmentos apresenta desafios consideráveis na identificação e mensuração dos recursos florestais, incluindo o estoque de carbono presente tanto acima quanto abaixo do solo. Aqui, avaliamos a dinâmica florestal, estoque de carbono acima e abaixo do solo, além da dinâmica de carbono em fragmentos de Mata Atlântica, ao longo de uma antroposequência caracterizada por históricos decrescentes de perturbação humana: secundária (SF) > perturbada (DF) > floresta tardia (LF). Utilizamos dados provenientes de 18 parcelas, totalizando 3,6 hectares, distribuídas ao longo de um gradiente de perturbação. Dessas, 4 parcelas estão localizadas em áreas de Floresta Secundária, 8 em Floresta Perturbadas e 6 em Florestas Tardia. Realizamos dois inventários, em 2017 e 2022, em cada um dos quais mensuramos todas as árvores vivas e mortas com DAP≥ 5 cm, contabilizando sobreviventes, recrutas e indivíduos mortos entre os intervalos. Além disso, determinamos parâmetros demográficos, como taxas de recrutamento, crescimento e mortalidade do caule, juntamente com a área basal. Para o estoque de carbono acima do solo, estimamos os estoques na biomassa aérea, madeira morta e serrapilheira. Abaixo do solo, determinamos os estoques de carbono em diferentes profundidades (0-20, 20-40, 40-60, 60-80, 80-100 cm). Na dinâmica do carbono, avaliamos as mudanças nos estoques de carbono em árvores vivas, serrapilheira, madeira morta, carbono total e carbono orgânico do solo até um metro de profundidade, bem como o recrutamento e perda de carbono. Descobrimos que as taxas de recrutamento, crescimento e rotatividade de espécies da Floresta secundária que sofreram intensamente atividades antrópicas foi significativamente maior do que aqueles que sofreram menos perturbações. A mortalidade de caule e perda de área basal foi mais significativa a medida que diminuía o gradiente de perturbação com destaque a Floresta tardia. A Floresta tardia destacou-se com o maior estoque de carbono nas árvores vivas e com médias de 99,0 ± 8,6 Mg ha-1. No estoque de carbono do solo até um metro de profundidade, a Floresta perturbada e Floresta tardia apresentaram o maior estoque de carbono com 182,3 ± 28,1 Mg ha-1 e 176,5 ± 19,4 Mg ha-1 respectivamente. Enquanto, o estoque de carbono total apresentou uma tendência crescente (p < 0.05) com a diminuição do gradiente de perturbação humana (SF → DF → LF). Observamos mudanças significativas no estoque de carbono das árvores vivas (63,3 Mg ha-1 em 2017 para 75,2 Mg ha-1 em 2022) e no solo (121,4 Mg ha-1 em 2017 para 136,5 Mg ha-1 em 2022 na Floresta Secundária. A dinâmica anual do carbono nas árvores foi mais acentuada na Floresta Secundária, devido ao recrutamento (1,0 Mg ha-1). A Floresta Secundária destacou-se no estoque de carbono total, com aumento significativo (p<0.05) de 27,3 Mg ha-1. A influência negativa da perturbação humana torna evidente que os fragmentos florestais com menor grau de interferência ou ausência dela desempenham um papel significativo no armazenamento dos estoques de carbono, enquanto esse papel diminui à medida que o grau de perturbação aumenta. Os estudos de estoque de carbono em fragmentos de Mata Atlântica com diferentes graus de perturbação humana são de extrema importância, pois não apenas evidenciam a capacidade dessas florestas em mitigar as mudanças climáticas, atuando como sumidouros de carbono, mas também destacam seu papel na conservação da biodiversidade e na prestação de diversos serviços ecossistêmicos.