Louco ou obsedado? As narrativas da loucura no confronto entre a psiquiatria e o espiritismo no Brasil (1883 – 1927)
Ano de defesa: | 2023 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://hdl.handle.net/11449/252725 http://lattes.cnpq.br/7250178641253344 https://orcid.org/0000-0003-2591-8320 |
Resumo: | A partir da década de 90 do século XX, o mundo assistiu à efetivação de legislações e políticas públicas que humanizaram os tratamentos psiquiátricos, obrigando as entidades a não deixarem trancafiados aqueles que possuem algum tipo de transtorno mental. Mesmo assim, o debate em torno dessa temática ainda tem encontrado um riquíssimo campo de discussão. O panorama historiográfico nacional engendrado pelas obras pioneiras de Foucault, História da Loucura (1961) e O Nascimento da Clínica (1963), foi oportuno para abrir, ainda nos anos 80, um novo campo de análise voltado para o estudo das instituições psiquiátricas, bem como daqueles que ali estavam. Além de pesquisas relacionadas aos internos das ditas instituições, esse novo campo historiográfico permitiu analisar aqueles que detinham o controle dos corpos – médicos – através dos diagnósticos, tratamentos e discursos que estes faziam acerca da loucura. Inserido no contexto da expansão dos hospitais psiquiátricos, hospícios e manicômios no Brasil da primeira República, o presente trabalho analisa o debate sobre as patologias psíquicas travado entre os médicos psiquiatras convencionais e aqueles que aderiram às concepções e práticas espíritas nas primeiras décadas do século XX. Problematizamos o embate e as possíveis diferenças de diagnóstico e de tratamento mental entre a Medicina laica e a espírita por meio das publicações de ambos os grupos. As fontes abarcam as publicações dos médicos do Hospital Nacional de Alienados, a instituição de alienação mais importante do Brasil neste período, os trabalhos de Adolpho Bezerra de Menezes, como A loucura sob novo prisma: estudo psíquico-fisiológico e outras publicações espíritas em diferentes periódicos, e os escritos de Allan Kardec que fundamentam o Espiritismo. Somam-se outras publicações acerca dos campos que, apesar de tratarem quase que da mesma forma do tema dessa pesquisa, são importantes para dimensionarmos os envolvidos no debate. Embora seja vasto o campo historiográfico que estuda as instituições de tratamento mental e seus médicos, as entidades espíritas e seus discursos sobre a loucura, no final do século XIX e início do XX, foram pouco privilegiados no que diz respeito aos estudos históricos. Buscar o entendimento da História do Espiritismo no Brasil e como suas crenças levaram os adeptos a acreditarem que estavam os ditos “loucos” sob influência de um ou vários espíritos, levou-nos ao cotejo do objetivo desta pesquisa. Assim, foi preciso compreender as crenças de um grupo elitizado que tomou pra si a missão de estabelecer e manter o ordenamento social, visto que são eles, os médicos, indivíduos que se colocaram dentro de uma lógica de “normalidade”. |