Ser ou tornar-se mulher: por entre a Educação de Jovens e Adultos-EJA, a vida, o narrar e o reinventar de si

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Ferreira, Débora Sara [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/191477
Resumo: A pesquisa que aqui apresentamos tem como campo empírico de estudo a educação de jovens e adultos –EJA e projeta o foco para as mulheres que ali se encontram. Duas questões são centrais neste estudo: levantar e trazer à luz elementos que indiciam a condição da mulher, pensada por quem se encontra naquele lugar (sala de aula, na EJA), particularizando a condição da mulher pensada e dita por ela mesma; e assumir a narrativa de vida, particularizando a narrativa escrita e os relatos orais, como base material no registro de vida, e, nela, a possibilidade de (re-)invenção de si. O estudo foi realizado em uma escola pública do município de Rio Claro-SP, entre abril e outubro de 2018. A turma de EJA em que o estudo foi desenvolvido corresponde ao 5° ano do ensino fundamental II, do período noturno. Portanto o debate, no que concerne às políticas públicas para a EJA serem elaboradas com outras políticas de correção das desigualdades sociais, torna-se imprescindível, já que estamos tratando da realidade de pessoas brasileiras (RINALDI; PEREIRA, 2015). Esta pesquisa é de natureza qualitativa, tendo como proposta metodológica a pesquisa narrativa (CONNELY; CLANDININ, 1995) e a pesquisa autobiográfica (DELORY-MOMBERGER, 2011), pelas quais é possível focar as experiências humanas, bem como contar suas histórias, registrar e escrever relatos de experiência; entende-se o ato de narrar, escrito ou oral, como potência para o pensamento da própria condição. Para o aguçar de reflexões sobre a condição da mulher, este estudo perpassa a História da Mulher no Brasil do século XIX e a discussão, no que concerne à contribuição da História Cultural para a compreensão da complexidade das representações dos modos de ser da mulher, que ultrapassam gerações. (CHARTIER, 2002). Foram realizadas oficinas temáticas com as mulheres participantes, bem como a escrita em cadernos individuais. Ao final, realizamos uma entrevista aberta. As mulheres participantes responderam, no decorrer dos encontros, ao “Questionário organizado para uma turma de EJA”. As oficinas foram intituladas: Imagens que produzem sentidos, que produzem vida; Imagens que vazam: histórias contadas por mulheres; Um olhar-vida para o conto Uma galinha de Clarice Lispector; Desconstruindo Amélia, desconstruindo-me; Respeita as mina: uma reflexão sobre a música; Partilhando afetos: Quarto de despejo. Alguns disparadores foram utilizados para a realização dos encontros, tais quais: imagens de mulheres em diversos setores da sociedade; o conto Uma galinha da autora Clarice Lispector e alguns trechos da obra Quarto de despejo da autora Carolina Maria de Jesus; além desses recursos, utilizamos as músicas Desconstruindo Amélia da cantora Pitty e a música Respeita as mina da cantora Kell Smith. A partir do encontro com as narrativas das mulheres participantes, é possível nos aproximarmos dos sentidos e significados do tornar-se mulher em uma sociedade patriarcal, optando por não as desvendar, mas poetizar vida, leituras e encontros que potencializam experiências e tornam-se emancipatórios para a reflexão da própria condição.