Correlação entre características fonético-fonológicas da fala e características ortográficas da escrita em crianças com alterações fonológicas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Guilherme, Jhulya [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/192561
Resumo: A proposta desta pesquisa foi investigar possível correlação entre características fonético-fonológicas da fala e características ortográficas da escrita em crianças com alterações fonológicas para melhor conhecê-la, pois a literatura apresenta divergências em relação a esse assunto. Pensando nessas divergências, formulamos duas perguntas de pesquisa: (1) existiria relação de dependência entre erros de fala e erros de escrita em seu plano ortográfico?; e (2) se essa relação existir, qual seria sua natureza? Pensando em possíveis respostas a essas perguntas, formulamos as hipóteses: (i) crianças com alterações fonológicas apresentariam também alterações ortográficas e, ainda, seus possíveis erros de fala apresentariam correlação positiva com seus erros de ortografia. No entanto, como há subtipos de alterações fonológicas, esperase que (ii) essa diferenciação se mostre nas características segmentais da fala e nas características ortográficas em função desses diferentes subtipos, especialmente no que diz respeito às classes fonológicas. Para isso assumimos que crianças com alterações fonológicas teriam problemas em sua representação fonológica; consequentemente, como a ortografia do Português Brasileiro se sustenta (também) em princípios fonológicos, esse aspecto da escrita dessas crianças estaria comprometido. Esta pesquisa teve como objetivo primeiro comparar e correlacionar achados fonético-fonológicos da fala e achados ortográficos em crianças com alterações fonológicas e, como objetivo segundo, explorar a natureza dos erros de fala e de ortografia em relação à classe fonológica e ao subtipo de alteração fonológica. Foram selecionadas 10 crianças com diagnóstico de “transtorno fonológico”, sendo 5 com atraso fonológico e 5 com distúrbio fonológico consistente atípico. Foram realizadas (1) avaliação de aspectos fonético-fonológicos da fala e (2) avaliação do desempenho ortográfico – ambas com uso do instrumento PERCEFAL – nas classes consonantais: oclusivas, fricativas, nasais e líquidas. Os aspectos da fala foram analisados pelo levantamento de: (1) inventário fonético; (2) sistema fonológico; e (3) cálculo da Porcentagem de Consoantes Corretas – Revisado (PCC-R), que indica o grau de gravidade do “transtorno fonológico”. Os aspectos ortográficos foram analisados pela: (1) caracterização dos erros ortográficos; e (2) cálculo da Porcentagem de Grafemas Corretos Consonantais (PGCC). Em seguida, foi realizada análise estatística descritiva e inferencial dos dados por meio de testes pertinentes para comparar e correlacionar índices relativos à produção de fala (PCC-R) e ao desempenho ortográfico (PGCC), a saber, T-test for dependent samples e Correlations. Sobre os resultados, quanto ao primeiro objetivo, a fala apresentou maior porcentagem de acertos do que a ortografia, além da ausência de correlação entre características fonético-fonológicas da fala e características ortográficas da escrita. Quanto ao segundo objetivo, os erros que mais ocorreram foram substituições fonológicas na fala e na ortografia. Além disso, as classes que se diferenciaram estatisticamente em relação às substituições fonológicas foram as das fricativas e das líquidas. Por fim, os subtipos de alteração fonológica não se diferenciaram estatisticamente. Concluímos que, embora todas as crianças apresentaram erros ortográficos, essas alterações não se correlacionaram com as alterações da fala, não apresentando, portanto, uma relação direta.