Avaliação de instabilidade genética e citotoxicidade em profissionais expostos ao resíduo de anestésico isoflurano que atuam em centro cirúrgico de hospital veterinário

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Figueiredo, Driélle Baptista dos Santos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/193864
Resumo: Há escassez de dados científicos em relação aos possíveis efeitos tóxicos no material genético e em nível celular frente à exposição ocupacional aos resíduos do anestésico inalatório isoflurano em profissionais atuantes em salas cirúrgicas veterinárias (SCV). Assim, considerando a relevância do tema, o presente estudo objetivou, de forma inédita, monitorar a poluição anestésica em SCV e avaliar os impactos biológicos dessa exposição nos profissionais. Foram recrutados para o estudo do tipo transversal profissionais atuantes em SCV expostos no mínimo há um ano aos resíduos de isoflurano (grupo exposto) e indivíduos sem exposição ocupacional a anestésico (grupo controle), os quais foram pareados com o grupo exposto. Realizou-se a avaliação de danos basais no ácido desoxirribonucleico (DNA) e do sistema de reparo do DNA em células mononucleares pelo teste do cometa e, por citometria de fluxo, foram analisados viabilidade e processo apoptótico em células mononucleares bem como as fases do ciclo celular em mononucleares e polimorfonucleares. Concomitantemente, células esfoliadas orais foram coletadas para realização do buccal micronucleus cytome assay para identificação de marcadores de instabilidade genética (incluindo o micronúcleo - MN), proliferação e morte celular. As concentrações residuais de isoflurano foram mensuradas em SCV sem sistema de exaustão de gases por espectrofotômetro infravermelho portátil e a concentração média de isoflurano foi de 11 partes por milhão, excedendo em 5,5 vezes o limite de recomendação internacional. Não houve diferenças significativas entre os dois grupos para os parâmetros avaliados do teste do cometa, exceto que os profissionais com menor faixa etária apresentaram maior nível de danos basais no DNA que os controles da mesma faixa etária, e em relação ao grupo exposto, os indivíduos mais jovens (com maior carga horária semanal) e indivíduos mais experientes com mais tempo (anos) de exposição apresentaram os maiores níveis de danos no DNA. Também não houve diferenças significativas entre os grupos em relação às análises de citometria de fluxo. Por outro lado, o grupo exposto apresentou maior frequência de MN, broto nuclear, células binucleadas, cariorrexe e cariólise, e menor frequência de células basais que o grupo controle. As mulheres expostas foram mais susceptíveis à instabilidade genética e índice proliferativo enquanto que os homens expostos apresentaram mais alterações de citotoxicidade. Adicionalmente, o grupo exposto com faixa etária mais jovem apresentou maior frequência de MN tanto quando comparado com indivíduos com ≥ 31 anos de idade expostos por até cinco anos como comparado com indivíduos da mesma faixa etária expostos por ≥ 5 anos devido a maior carga horária semanal, portanto com maior exposição residual ao isoflurano. Concluindo, a alta exposição ao isoflurano está associada aos danos no material genético, processo citotóxico e alteração proliferativa na mucosa bucal, mas não altera o sistema de reparo do DNA, o ciclo celular e a frequência de apoptose, quando avaliados em células do sangue periférico. Assim, é necessário mitigar a poluição anestésica no ambiente de trabalho para reduzir a exposição ocupacional em profissionais atuantes em SCV com o intuito de se minimizar o impacto da toxicidade anestésica.