Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Nascimento, Sueli do |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://hdl.handle.net/11449/252063
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Resumo: |
A escuta e o diálogo em sala de aula tornam-se cada vez mais indispensáveis no processo de ensino e aprendizagem, e na prática docente. Na atualidade, considera-se um grande desafio educacional para o professor instigar transformações, incluindo atrair a atenção de crianças e jovens e, ainda, torná-los sujeitos ativos na construção do conhecimento. Acredita-se, portanto, na criação de um “Onhombo’e Rapé”, que significa, em guarani nhandewa, ‘caminho do aprendiz’, ao qual se chama de escutatória-dialogal, que são a escuta e o diálogo na convivência com a diversidade, no reconhecimento cultural e étnico e, assim, na luta contra a invisibilidade, o domínio e a exclusão. Também se acredita que o “Onhombo’e Rapé”, por sua vez, provoque os Nhanimboatyá Nhanderu rekó-re - os círculos de saberes ancestrais -, a partir do pressuposto de um bem viver em acordo com a cosmovisão indígena. Em seu meio e segundo essa sua cosmovisão, a Terra é mais do que simplesmente o lugar em que se vive. Parte dela uma relação, sagrada, que faz germinar plantas e as acolhe, assim como acolhe animais e a infinidade de seres vivos, além dos humanos. Assim sendo, a Terra está na base do bem viver. Disso é que derivou o objetivo principal da pesquisa, que foi o de criar a “Onhombo’e Rapé” – a escutatória-dialogal -, utilizando-a metodologicamente com o público-alvo - professores da educação básica; do ensino superior; e da escola indígena da Terra Indígena Araribá. Para pensar em bem viver, é necessário beber da fonte ancestral, da riqueza cultural e da sabedoria milenar dos povos originários. A conversa com os participantes da pesquisa adotou essa perspectiva em seus objetivos específicos, para estabelecer o que entendiam por bem viver e o que seria necessário, nesse contexto, para se ter uma educação voltada a tal bem viver, ou para ele convergente. Durante o processo também se discutiu como esses docentes concebem seus saberes profissionais, assim como qual o peso e o lugar dos componentes disciplinares, com vistas a uma reflexão decolonial, correlacionando, em especial, interculturalidade e currículo. Para tanto, adotou-se na pesquisa uma abordagem qualitativa e, como procedimento metodológico, a pesquisa-participante. Desta maneira, para a coleta de dados foram utilizados como instrumentos a observação participante e o diário de campo. No decorrer da pesquisa, foram essenciais os pensadores latino-americanos e indígenas para dialogar em conjunto com a fala dos participantes sobre formação, saberes ancestrais e currículo. A escutatória-dialogal reverberou na atual condição do trabalho docente, que sofre restrições no acesso a recursos de ordem econômica e cultural e ao poder presente na Educação – esta, enquanto parte da esfera pública e regulada pelo Estado. Os resultados obtidos - pensar a educação a partir da experiência do ser real e de reflorestar o imaginário num caminho guiado por uma consciência ancestral – estimulam a aplicabilidade do “Onhombo’e Rapé” e acentuam a importância metodológica da escutatória-dialogal em sala de aula. Nesse processo, sugere-se que professores e alunos estejam juntos num Onhombo’e Rapé e na ação-reflexão-ação do conhecimento, para que, assim, tanto a prática quanto a formação docente reconheçam o sujeito como protagonista numa dimensão decolonial a partir dos quatro princípios andinos dos povos Quechua e Aymara, que concebem o Bem Viver, ou Viver em Plenitude, como relacionalidade, complementaridade, reciprocidade e integralidade, relações essas brotadas da escutatória-dialogal ao longo da caminhada. |