Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Nunes, Sthefanie Kenickel |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/236696
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Resumo: |
Introdução: Pesquisas clínicas identificaram que mulheres diabéticas gestacionais apresentam inter-relação entre a Incontinência Urinária (IU) gestacional e Disfunção Muscular do Assoalho Pélvico (DMAP). Os músculos do assoalho pélvico (MAP) representam elemento crítico na sustentação dos órgãos pélvicos, fornecendo suporte ativo tanto em repouso quanto durante a atividade. Os resultados das pesquisas experimentais originadas desse resultado clínico evidenciaram alterações nos músculos estriados uretrais e músculo reto abdominal (MRA) de ratas diabéticas prenhes que mostrou atrofia muscular com desorganização e rompimento de fibras, alteração na organização dos tipos de fibras slow e fast (Tipo I e II), com aumento das fibras fast, fibrose e aumento do colágeno I/III que caracterizam matriz extracelular rígida. Estes achados corroboram os da literatura sobre o fato da integridade da estrutura dos músculos abdominais e do assoalho pélvico sofrer alterações nas diferentes fases da vida da mulher, particularmente na gestação e parto, sendo que a gestação complicada pelo diabetes pode ter alterações ainda mais evidentes, causando impacto negativo na qualidade de vida. A contração coordenada e eficaz dos MAP está relacionada à manutenção das funções de micção, evacuação e sexualidade. A DMAP é distúrbio que afeta a capacidade de controlar e coordenar os MAP, está associada à incontinência urinária de esforço, síndrome da bexiga hiperativa, prolapso de órgão pélvico, incontinência anal, dor pélvica, disfunção sexual e constipação, resultando em impacto negativo na qualidade de vida. A IU também está associada a um padrão de ativação alterado dos MAP em relação aos músculos abdominais durante as atividades funcionais incluindo as atividades que geram aumento da pressão intra-abdominal (PIAb). Achados provenientes de nossas pesquisas associam o Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) com a DMAP. O DMG é definido como distúrbio de tolerância à glicose com início durante a gravidez, relacionado com a deterioração da função muscular fisiológica e associado ao termo "miopatia diabética", que se refere a alterações funcionais, metabólicas e estruturais que são induzidas pelo diabetes mellitus (DM) no músculo esquelético. Tendo em vista a importante repercussão negativa da incontinência urinária específica da gestação (IUEG) e este seja um distúrbio amplamente investigado, não existe na literatura nacional e internacional instrumento construído e validado para identificar e avaliar especificamente a IUEG, demostrando ser necessária a construção e validação de um questionário inédito para identificar e avaliar a IUEG na população brasileira. Estudos clínicos demonstraram que o DMG impacta negativamente na atividade eletromiográfica dos MAP ao longo da gestação. Lesão que acomete o músculo reto abdominal durante a gestação também foi relacionada ao DMG. Estudos translacionais mostraram impactos prejudiciais tanto de hiperglicemia leve de longo prazo quanto de hiperglicemia severa de curto prazo no músculo uretral de ratas prenhes, como: atrofia, adelgaçamento, desorganização, ruptura das fibras musculares e perda de tipos específicos de fibras de localizações anatômicas normais, denotando conexão entre os níveis de glicemia e estrutura do MAP. Recentemente, protocolo de estudo clínico estabeleceu pesquisa de biomarcador bem desenvolvida em novo modelo conceitual do papel da integração da tríade DMG, IUEG e miopatia hiperglicêmica como preditora de IU de longo prazo e DMAP. A avaliação do desempenho dos MAP por meio da Eletromiografia de superfície (EMG) é capaz de, além de analisar sua funcionalidade, também identifica o exato momento em que determinado músculo entra em ação, e assim verificar se há co-contração entre os músculos. A avaliação deve incluir o desempenho dos MAP em repouso e em atividades dinâmicas. O emprego da EMG, que é utilizada como forma de avaliação em trabalhos que analisaram a função dos MAP durante a gestação, é pertinente para analisar o status muscular, pois é possível obter dados como o recrutamento de unidades motoras, velocidade de condução das fibras musculares e a fadiga muscular, variáveis importantes para identificar com eficácia diversos aspectos do desempenho muscular da gestante. A técnica é de acesso fácil, sem radiação, com desconforto mínimo, tem boa confiabilidade inter-observador e interdisciplinar, além de permitir avaliação dinâmica. Justificativa: Aprofundar e preencher lacunas do conhecimento sobre a repercussão do DMG e da miopatia hiperglicêmica a longo prazo torna-se imprescindível. Nesse contexto, analisar o desempenho dos MAP com avaliações eletromiográficas confiáveis, objetivas, visíveis e em tempo real é método alternativo para orientar a prática clínica e científica nos cuidados preventivos e terapêuticos. Objetivos: 1) Construção e validação de um instrumento para avaliação da incontinência urinária específica da gestação em mulheres brasileiras. 2) Analisar o efeito do DMG na funcionalidade dos MAP durante a gestação pela avaliação eletromiográfica. Métodos: 1) Trata-se de estudo transversal realizado no Centro de Pesquisas em Diabetes Perinatal (CPDP) da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Medicina de Botucatu, Brasil. A ferramenta de guia STROBE foi usada como guia para relatar este estudo. Os dados foram coletados entre março/2018 a dezembro/2021. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE 31976620.1.0000.5411). As gestantes foram recrutadas para participar do estudo durante a rotina de rastreio do DMG no CPDP. Os critérios de inclusão foram gestantes entre 18-40 anos de idade, normoglicêmicas e com DMG em tratamento não medicamentoso. Foram excluídas as participantes com DM tipo I ou II, uso de hipoglicemiantes, triagem ou diagnóstico inadequado de DMG, tratamento farmacológico após falha no controle da glicose com modificação do estilo de vida e dieta, doença do tecido conjuntivo, distúrbios neurológicos, prolapso de órgão pélvico ou cirurgia de incontinência, distúrbio hipertensivo gestacional ou pré-existente e incapacidade de realizar a sequência de contração dos MAP. O diagnóstico do DMG foi realizado de acordo com os critérios da American Diabetes Association (ADA) e quando confirmado estas participantes foram alocadas no grupo DMG. As participantes com resultado negativo foram alocadas no grupo normoglicêmico (NG). As participantes foram submetidas a aplicação do questionário e avaliação dos MAP pela EMG considerando a área dos levantadores do ânus. Todas as participantes forneceram consentimento informado previamente ao início da coleta de dados. 2) Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE 82225617.0.0000.5411). O modelo foi proposto para avaliar o desempenho dos MAP em suas diferentes atividades por meio da EMG e desenhado com base na importância de incluir, além da medida de repouso inicial, as medidas de repouso antes e depois de cada atividade realizada. Este conceito permitirá análise ampliada e detalhada do desempenho dos MAP e MRA entre os repousos, entre as atividades e repousos, bem como entre atividades semelhantes e/ou opostas. Resultados: 1) Na primeira etapa foi feita uma revisão bibliográfica e análise de entrevistas qualitativas. Após a retirada de detalhes sugeridos pelos especialistas, obtiveram-se 14 itens como versão final do questionário. A avaliação das propriedades psicométricas do instrumento foi feita em segundo lugar. Foram relatadas a análise das propriedades psicométricas do instrumento, incluindo validade de conteúdo, validade formal, validade de construto e confiabilidade (consistência interna). 2) Durante as contrações rápidas não houve diferenças na atividade eletromiográfica dos MAP entre os grupos. A ativação dos MAP superficiais das mulheres com DMG independente do status da continência urinária foram semelhantes, mas separadamente eles diferiram da ativação das mulheres do grupo normoglicêmico-incontinente (NG-IU) sendo assim, as mulheres do grupo diabético-continente (DMG-C) e diabético-incontinente (DMG-IU) ativaram 56,3% (p=,000) e 28,7% (p=,047) menos os MAP superficiais comparado com as NG-IU, respectivamente. Em relação a ativação sinérgica do MRA durante a tarefa de contração rápida do AP, a ativação do RA das mulheres com DMG independente do status da continência urinária foi semelhante, mas separadamente eles diferiram da ativação das mulheres do grupo NG-IU sendo assim, as mulheres DMG-C e as mulheres DMG-IU ativaram 39,1% (p=,001) e 34,8% (p=,005) menos o MRA comparado com as NG-IU, respectivamente. Conclusão: 1) O PSUI-Q é uma escala baseada em conteúdo, que permite que clínicos ou pesquisadores não apenas caracterizem os níveis de sobrecarga emocional, social, financeiro, profissional e sexual experimentados por mulheres grávidas, mas também oferece uma compreensão mais personalizada da sua angústia durante esse período específico. Portanto, o PSUI-Q é uma medida valiosa que pode ser usada como base para os profissionais de saúde desenvolverem cuidados adequados para atender às necessidades individuais das mulheres. Compreender a sobrecarga da gestante deve ser um componente fundamental para o desenvolvimento de um pré-natal adequado para auxiliar a mulher no enfrentamento de sua situação, evitando as consequências adversas da carga emocional materna. O PSUI-Q desenvolvido com 14 itens foi confirmado como tendo validade e confiabilidade satisfatórias. 2) Os resultados preliminares deste estudo indicam que mulheres que são DMG-C e DMG-IU ativam menos os MAP e RA quando comparadas com mulheres NG-C e NG-IU. |