A crise do regime de controle nuclear: relações políticas russo-estadunidenses, geografia e objetivos do dissuasor (2002-2023)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Fioreze, Rafaela Elmir
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11449/255905
Resumo: Desde meados da Guerra Fria, o imperativo de evitar uma escalada da corrida armamentista, de garantir transparência e de manter os arsenais nucleares russo (anteriormente soviético) e estadunidense em níveis dissuasórios deu origem a um conjunto de tratados, essencialmente bilaterais, voltados para a limitação e redução das capacidades nucleares estratégicas e dos veículos de entrega destas duas potências. O regime de controle nuclear estabelecido a partir destes acordos foi, durante muitos anos, um dos grandes responsáveis pela manutenção da estabilidade estratégica. Mais recentemente, no entanto, com a denúncia dos Estados Unidos ao Tratado ABM (2002), o fim do Tratado INF (2019), as ameaças à continuidade do New START (2021) e, finalmente, a suspensão da participação russa neste último tratado (2023), tem-se observado o que pode ser entendido como uma crise do regime de controle nuclear até então vigente, surgindo a possibilidade de que, pela primeira vez em mais de 50 anos, não haja nenhum mecanismo vinculante limitando os dois maiores arsenais nucleares do mundo. Diante desse contexto, a presente dissertação se propõe a compreender algumas das causas e características da crise do regime de controle nuclear russo-estadunidense. Para isso, utiliza-se como referencial teórico o framework proposto por Barry Buzan (1987) para compreender a dissuasão, analisando-se três de suas variáveis intervenientes – as relações políticas entre os Estados envolvidos, a geografia e os objetivos políticos dos dissuasores – de forma a tentar compreender como as mudanças ocorridas nestes âmbitos contribuíram para o enfraquecimento da dinâmica dissuasória entre Rússia e Estados Unidos. Conclui-se que, em graus diferentes, as três variáveis colaboraram para a erosão do regime de controle nuclear ao aumentar a desconfiança entre os dois países; contudo, talvez ainda mais importante, destaca-se que, longe de estarem isoladas, estas variáveis interagem entre si no sentido de se reforçarem mutuamente e gerarem um resultado maior e mais complexo do que a soma das partes é capaz de explicar.