Dor femoropatelar: uma contribuição considerando aspectos da dor e sua influência em parâmetros eletromiográficos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Pazzinatto, Marcella Ferraz [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/138330
Resumo: A dor femoropatelar (DFP) é considerada um “enigma ortopédico”, e uma das desordens musculoesqueléticas mais desafiadoras para se gerenciar. Isso porque até o presente momento não se tem definição acerca da(s) causa(s) que podem levar a esta desordem. Há mais de duas décadas têm-se investigado a presença de alterações biomecânicas em indivíduos com DFP durante as mais diversas atividades, como corrida, subida e descida de escada, agachamento e salto. Os parâmetros eletromiográficos (EMG) relacionados ao tempo e amplitude de ativação dos músculos vasto lateral (VL) e vasto medial (VM) são frequentemente abordados em estudos com essa população, no entanto, os resultados são controversos e acredita-se que uma das possíveis causas para essa inconsistência seja a característica intermitente dos sintomas. Ou seja, em determinados momentos a dor está presente e em outros não, independente da atividade que esteja sendo desenvolvida. Sabe-se que a dor recorrente pode levar a alterações no mecanismo central de controle da dor gerando respostas exageradas frente a estímulos dolorosos (hiperalgesia). Acredita-se que mulheres com DFP apresentam hiperalgesia tanto local quanto generalizada, no entanto, não se sabe o quanto a presença da dor no momento da avaliação pode alterar esses mecanismos de hiperalgesia. Diante disso, os objetivos gerais desta dissertação foram analisar o quanto a presença da dor afeta a hiperalgesia e os parâmetros EMG em mulheres com DFP, além de determinar pontos de corte para identificar a presença de hiperalgesia em mulheres com DFP. Os parâmetros EMG foram avaliados durante o gesto de subida de escada, e assim como os limiares pressóricos de dor (LPD) e a escala visual analógica (EVA) de dor, foram coletados em dois momentos antes e após um protocolo de esforço da articulação femoropatelar. Este protocolo foi realizado com o intuito de exacerbar os sintomas específicos da DFP e consistiu em 15 subidas de escada com 35% do peso corporal alocado em uma mochila e com ritmo demarcado por um metrônomo (96 degraus/min). Observou-se que mulheres com DFP apresentam LPDs reduzidos em comparação com mulheres assintomáticas e após o protocolo de esforço os LPDs avaliados ao redor do joelho, no grupo com DFP, reduziram significativamente comparado a avaliação prévia, no entanto, não houve diferença no LPD do ponto distante. Os pontos de corte encontrados apresentaram bons valores de acurácia diagnóstica, podendo ser úteis para a prática clínica na discriminação de indivíduos com e sem hiperalgesia. Já quanto aos parâmetros EMG avaliados em mulheres com DFP antes e após o protocolo de esforço, não houve diferença entre o início da ativação dos músculos VM e VL na presença da dor, mas houve aumento na amplitude do sinal EMG do VL e, consequentemente, redução na razão de ativação VM/VL após o protocolo de esforço. De acordo com estes resultados observa-se que a presença da dor é capaz de alterar os mecanismos centrais de modulação da dor, aumentando a hiperalgesia no local da desordem. A confirmação da presença de hiperalgesia local e generalizada em mulheres com DFP é de fundamental importância para traçar estratégias de tratamento, e a definição de pontos de corte capazes de discriminar os indivíduos quanto a presença de hiperalgesia facilita o gerenciamento desta desordem. E curiosamente os tratamentos visando o equilíbrio na ativação dos músculos VM e VL parecem não ser a melhor opção já que esse quesito não sofreu alteração diante do principal sintoma da DFP.