Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Barros, Leila de Almeida [UNESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
|
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: |
|
Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/191920
|
Resumo: |
No romance Enquanto agonizo (1930) o modernista estadunidense William Faulkner apresenta a jornada da família Bundren que, a fim de enterrar o corpo de sua matriarca, marca a saga de Yoknapatawpha com uma emblemática e tragicômica jornada até Jefferson, sede do condado imaginado pelo escritor. Em trânsito constante, os enlutados membros da família seguem absortos em um trio de conflitos – internos; entre si; e com seu tempo, lugar e meio. Comum às narrativas faulknerianas, o luto gera, mormente, a reflexão acerca daquilo que foi perdido, mas que permanece latente na memória, bem como acerca do que pode ou não ser reconstruído sobre as ruínas que restaram no presente. Ademais, o ciclo infindável da morte, expresso no título do romance no idioma original (As I Lay Dying), e a agonia, que figura no título traduzido para a língua portuguesa, atestam a experiência temporal da modernidade como marcada por irreparáveis perdas nos campos da metafísica, da teologia e da estética. A ênfase do autor nos aspectos existenciais das principais personagens dessa narrativa, por meio da exploração artística do fenômeno da morte, revela uma dimensão filosófica da obra faulkneriana ainda pouco estudada pela crítica. Nosso objetivo neste trabalho é o de evidenciar – por meio da recorrência às reflexões de filósofos modernos e contemporâneos como Arthur Schopenhauer, Martin Heidegger e Maurice Blanchot – como as reflexões feitas por Addie Bundren de dentro de seu caixão conectam a vida à morte em um movimento pendular, perpetrando seus silêncios e vazios por todos os elementos constituintes do romance. O it em que a personagem se transforma e seu cadáver em trânsito são evidências de uma existência que, mesmo transformada pelo tempo, permanece como que suspensa em agonia pelas rodas da carroça que levam a família protagonista até seu destino final. Cada uma dessas rodas que sustenta Addie e todo o restante da família Bundren – à exceção de Anse – pode ser nomeada com conceitos que permanecem em constante movimento de construção/desconstrução pelas próprias personagens em seus monólogos filosóficos: morte; existência; tempo; silêncio. Em Enquanto agonizo esses e outros conceitos tornam-se questões ontológicas, por isso a filosofia nos auxilia a abrir caminho para uma infinidade de novas análises de um romance que é por vezes reduzido pela crítica especializada como mero relato caleidoscópico de uma jornada familiar homérica. |