Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Barrenha, Taís Sobrinho |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/183088
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Resumo: |
A Política de Saúde Mental é instituída no Brasil através da Lei Federal 10.216/01 e tem como premissa fundamental a humanização da assistência prestada ao portador de sofrimento psíquico. A proposta atual da Reforma Psiquiátrica tem como objetivo a desinstitucionalização e inclusão do portador de sofrimento psíquico nos diferentes espaços da sociedade. Para viabilizar essa proposta, diferentes estratégias surgem no âmbito nacional e outras se encontram em construção. A reorientação do modelo assistencial deve estar pautada pelo cuidado e em uma concepção de saúde compreendida como processo e não como ausência de doença, com ênfase na reabilitação psicossocial. Dentre os muitos trabalhos desenvolvidos dentro dessa perspectiva, encontramos as Oficinas Terapêuticas, que em função da sua plasticidade nos permite trabalhar de várias maneiras, uma delas é o trabalho com a literatura. E foi a partir dessa experiência com Oficinas de Escrita/Literatura em equipamentos públicos de Saúde Mental que a questão da relação entre loucura-linguagem-literatura surgiu como um problema de pesquisa. Para pensar essa relação partimos da poesia de Stela do Patrocínio, que foi durante muitos anos uma das internas da Colônia Juliano Moreira, que fica em Jacarepaguá-RJ. É através de seu “falatório” que Stela do Patrocínio relata a experiência do manicômio. Mas como escrever sobre Stela? Uma vida possível de ser narrada é uma vida que se afirma, pois narrar tem relação com a transmissão de um conhecimento, de como a experiência de si se organiza. Mas como esse discurso pode ser legitimado? Essa noção de legitimidade se encontra atrelada ao reconhecimento do direito à palavra por parte daquele que diz. O testemunho não admite substituição, portanto a experiência que Stela comunica é única. De um testemunho que ressuscita a linguagem e pode nomear uma perda. Seu “falatório” produz um efeito poético. A linguagem de Stela é uma linguagem outra, matéria bruta e em fluxo. Uma linguagem que se comunica com seu fora, uma experiência-limite. Para Mosé (2005), o lugar da linguagem não é o do sentido, mas, ao contrário, o da experimentação do vazio, da ausência. A linguagem, a narrativa e a escrita é o que escapa, é o que resiste e possibilita a criação-invenção de um mundo que pode vir a ser habitado/ressignificado. A linguagem que Stela nos comunica é o da experimentação e da vivência. O lugar do “manicômio” é o da aniquilação do sujeito. Mas Stela não desaparece, pois ela anuncia “Eu sou Stela do Patrocínio”. Escrever sobre Stela do Patrocínio é dar visibilidade ao acontecimento Stela. Dentro dessa proposta procuramos visualizar a experiência da loucura enquanto experiência-limite e a poesia de Stela do Patrocínio como arte que resiste a instituição manicomial, na medida em que é vista dentro da categoria estética da experiência-limite. |