Ontologia do presente das línguas estrangeiras no dispositivo escolar: capitalização da língua, do ensino e das subjetividades

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Galelli, Cinthia Yuri [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/183054
Resumo: Quem somos nós, nesse exato momento, enquanto sujeitos históricos? Esta pergunta, inspirada nos questionamentos de Kant porém voltada para a questão dos sujeitos, é um resumo da linha que une toda a extensa e complexa obra de Michel Foucault, cujas ideias servem de inspiração para o nosso trabalho. Nesta tese aplicamos essa questão ao tema do ensino das línguas estrangeiras, perguntando-nos: quem somos nós, discentes e docentes, enquanto sujeitos históricos do dispositivo escolar em uma sociedade ocidental capitalista, marcada por um mercado linguístico específico? Consideramos que esse trabalho trata-se de uma ontologia do presente por tentar compreender como os diferentes mecanismos de controle e de poder estão possibilitando a emergência de diferentes modos de os sujeitos se relacionarem consigo mesmos, com os outros e com as línguas estrangeiras, em meio a práticas discursivas e não discursivas de capitalização da língua e do ensino. Em outras palavras, procuramos especificamente entender o presente do ensino de línguas, observando os discursos que circulam no dispositivo escolar e na sociedade e que estão constituindo a nossa subjetividade, perguntando-nos de onde eles provêm e quais são as condições históricas de produção que possibilitaram essas materialidades enunciativas na atualidade. Inspiramo-nos também na teoria de Pierre Bourdieu, referente ao capital simbólico e mercado linguístico e na teoria da Análise do Discurso de linha francesa, de Foucault, especialmente do método arquegenealógico desenvolvido e aplicado pelo filósofo, pois para realizar um diagnóstico do presente precisamos de um método que olhe para história, mas que nos permita realizar sua articulação às formas de poder-saber e aos jogos de verdade em nossa sociedade. O nosso corpus principal está constituído por sequências discursivas de professores e aprendizes de línguas estrangeiras, coletadas entre 2017 e 2018, por meio de entrevistas, das quais participaram nove sujeitos: quatro docentes e cinco discentes, de escolas da rede pública estadual, federal e da rede privada do Estado de São Paulo. Farão parte de nosso corpus de cotejo os discursos jurídico, midiático e educacional oficial que veiculam textos sobre as línguas estrangeiras. Nossos resultados apontam que os discursos que circulam no dispositivo escolar, provêm, em sua maior parte, da formação discursiva neoliberal que regulariza os enunciados sobre as línguas estrangeiras e seu ensino, produzindo efeitos de verdade para esses sujeitos, que constituem a sua subjetividade ancorados pelos preceitos do neoliberalismo: tornar a língua estrangeira e seu ensino mercadorias e instrumentos de produção para a lógica capitalista, empresarial e meritocrática. Nossos resultados também apontam para a existência de enunciados que mobilizam sentidos de resistência a esses discursos.