Efeito da disponibilidade de água no xilema secundário e laticíferos em plantas jovens de seringueira [Hevea brasilienses (Willd. ex A. Juss) Müll. Arg.]

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Nery, Ícaro Renã Alves Moureira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/191980
Resumo: A anatomia dos tecidos vasculares secundários e das estruturas secretoras, tais como os laticíferos, varia em função de fatores ambientais e genéticos. Restrições na disponibilidade de água para as plantas podem acarretar alterações nas características anatômicas do xilema secundário e na estrutura e densidade dos laticíferos. Em um cenário de mudanças climáticas e diante de previsões de intensificação dos períodos de seca, entender o efeito da falta de água no xilema secundário e em laticíferos, torna-se importante para compreender os mecanismos de adaptação e sobrevivência das plantas frente a essas variações. Desta forma, tivemos como objetivo responder como diferentes tratamentos de disponibilidade de água poderiam afetar as características anatômicas do xilema secundário, e características estruturais, de densidade e proporção de laticíferos em Hevea brasiliensis, espécie nativa da Amazônia brasileira, importante econômica e culturalmente. Estudamos 24 plantas jovens de Hevea brasiliensis (clone GT1), seis por tratamento, com aproximadamente três meses e meio de idade. Estas cresceram por cerca de 10 meses sob influência de quatro diferentes tratamentos, onde foram aplicadas, diariamente, as seguintes lâminas d’água: T1 = 7,7 mm; T2 = 10,7 mm; T3 = 14,2 mm e T4 = 16,9 mm. Destas plantas, coletamos seções do caule a 5 cm de altura de seu colo. Processamos o caule de cada uma das plantas segundo técnicas usuais em anatomia vegetal, as quais possibilitaram estudar as diferenças nas características anatômicas do xilema secundário e de laticíferos em Hevea brasiliensis. Utilizamos análise de variância e teste Tukey com alfa de 5% para comparar as variáveis quantitativas entre os tratamentos. Em uma segunda abordagem dos dados, realizamos análise de correlação de Pearson, considerando apenas as variáveis significativas pelo teste Tukey. Das 23 características avaliadas, seis variaram com os tratamentos de disponibilidade de água, a saber: comprimento das fibras libriformes, proporção de fibras libriformes e gelatinosas, densidade e agrupamento de vasos e densidade de laticíferos. Com maior lâmina d’água observamos maior comprimento de fibras libriformes, as quais estavam presentes em menor proporção, maior proporção de fibras gelatinosas, menor densidade e agrupamento de vasos e maior densidade de laticíferos. A maior disponibilidade de água favoreceu o comprimento das fibras libriformes, pois as células inicias cambiais do câmbio vascular estavam em maior turgor hídrico. A maior proporção de fibras libriformes observada no xilema secundário das plantas de tratamentos de menor lâmina d’água forma um mecanismo de resistência contra a implosão de vasos, permitindo maior segurança da condução de água. A presença de fibras gelatinosas em H. brasiliensis é uma característica comum à espécie, e como estas desempenham função de armazenamento de água, sua maior proporção nos tratamentos de maior disponibilidade hídrica indica maiores reservas para suprimento de necessidades do vegetal relacionadas ao crescimento. A maior densidade e agrupamento de vasos, observados em tratamentos de menor disponibilidade de água, permite vias de transporte de água, mesmo em casos de falhas hidráulicas. A presença de parênquima com septos é uma característica nunca antes descrita para a espécie. A maior densidade de laticíferos com aumento do recurso hídrico pode indicar mecanismo de defesa da espécie contra herbivoria e também maior produção em látex. As características qualitativas também foram avaliadas, entretanto, não variaram, sendo idênticas estatisticamente, entre os tratamentos. As variações ou ajustes anatômicos observados são respostas das plantas em função das diferentes lâminas d’água aplicadas, refletindo as tendências ecológicas que ocorrem nos diferentes ambientes. Características anatômicas que não variaram significativamente entre os tratamentos são conservativas para as plantas jovens de H. brasiliensis.