A invenção de Ganimedes e os mistérios de Safo: naturalismo e dissidências sexuais nas obras de Abel Botelho e Alfredo Gallis

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Silva, Paulo Victor Alves Lima da [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11449/256593
Resumo: No quadro literário de Portugal, especificamente no percurso da campanha naturalista no fin-de-siècle, é possível destacar a relevância e a repercussão da publicação de ciclos de romances dedicados ao estudo das chamadas “degenerescências sociais”, como a série em cinco volumes Patologia Social, de Abel Botelho, e a Tuberculose Social, de Alfredo Gallis, que conta com mais de dez títulos. Seguindo o método do romance experimental defendido por escritores proeminentes como Zola, os autores dedicam-se à identificação e análise das “enfermidades” que acometiam o povo português, com a pretensão pedagógica de oferecer um alerta aos membros da sociedade para urgência de controlá-las antes de uma putrefação total. Em consonância com a difusão dos estudos médicos-científicos sobre as práticas sexuais desviantes, que despontavam desde meados do século XIX, a homossexualidade também é diagnosticada dentre essas patologias, entendida como “aberração” ou “inversão”, e é levada aos “microscópios” dos escritores naturalistas, que nas suas séries escrevem obras especificamente destinadas ao seu exame: O barão de Lavos (1891), de Botelho, e Sáficas (1902) de Gallis, que, respectivamente, tratam da homossexualidade masculina e feminina. À vista disso, a partir da leitura em justaposição crítica da obra de Botelho e Gallis, o que aqui se propõe é uma análise dos elementos que definem as abordagens das sexualidades dissidentes nos romances dedicados ao tema. O objetivo é evidenciar os diálogos e afastamentos de seus propósitos literários, e como os retratos da sociedade portuguesa esboçados nessas narrativas aproximam e distanciam-se dos princípios do naturalismo ao centralizar relações homossexuais femininas e masculinas pelo viés patologizante, mas com episódicas aberturas para expressões empáticas e licenciosas, examinando as manifestações dos desejos interditos nas diferentes trajetórias das protagonistas “degeneradas”