O imortal Rabelais: Alfredo Gallis e a literatura pornográfica no Brasil no final do século XIX

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Almeida, Aline Cristina Moreira de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Faculdade de Formação de Professores
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/13923
Resumo: No Brasil do final do século XIX, ocorreu um crescimento expressivo do interesse do público e dos livreiros por obras pornográficas. Vendidos a preços acessíveis e anunciados diariamente em jornais de grande circulação, esses livros às vezes, chamados de leitura alegre eram comercializados como uma forma de bem-estar físico e mental, pois eram capazes de ativar a vontade e afugentar os desgostos (Gazeta de Notícias, 09/08/1892, p. 5). Um dos escritores mais conhecidos desse segmento foi Rabelais, pseudônimo do escritor português Joaquim Alfredo Gallis (1859-1910). Jornalista, romancista e homem público conhecido, Alfredo Gallis foi praticamente esquecido pela historiografia literária por ter aderido à moda da literatura pornográfica. A ficção naturalista que produziu é, ainda hoje, reduzida a uma interpretação pedagógica que pressupõe uma crítica aos vícios da sociedade oitocentista. Tal perspectiva moralista exclui a apropriação dos primeiros leitores que consumiam, mesmo os livros supostamente mais sérios , como produto pornográfico. Com um pseudônimo que remetia os leitores à tradição obscena, o Rabelais português escreveu livros que, mesmo nos padrões atuais, podem ser classificados como pornografia, uma vez que assumem o propósito de excitar sexualmente o leitor. Considerando o quase completo esquecimento a que foi reduzido, esta pesquisa tem como objetivo produzir um conhecimento novo a respeito de Alfredo Gallis, reunindo textos que falam a respeito de sua vida e obra, além de materiais escritos pelo próprio autor encontrados através da pesquisa em fontes primárias. Diante do pouco destaque que a literatura popular e licenciosa tem na historiografia, será apresentado um panorama da literatura pornográfica através dos séculos, desde os fabliaux medievais até a leitura alegre do Brasil no final do século XIX. Como objeto literário, foi selecionado o livro Volúpias: 14 contos galantes (1886), publicado originalmente em São Paulo, a fim de observar como o autor reúne e explora as principais marcas da tradição pornográfica e os temas preferidos dos leitores de livros pornográficos nas principais cidades brasileiras, com foco especial no Rio de Janeiro.