Amanhã e o anarquismo: uma outra perspectiva de Abel Botelho

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Silva, Moisés Baldissera da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/192472
Resumo: Esta pesquisa de Mestrado propõe a análise do romance Amanhã (1901), escrito pelo autor português Abel Botelho. A obra faz parte da pentalogia intitulada "Patologia Social", composta por outros quatro livros – O Barão de Lavos (1891), O Livro de Alda (1898), Fatal Dilema (1907) e Próspero Fortuna (1910). Com esse conjunto de publicações, segundo Saraiva (1995), o autor pretendeu criticar as famílias burguesas e nobres que comandavam Portugal, denunciando diversas hipocrisias da sociedade em finais do século XIX, justificando-as pelo viés da patologia como males ancestrais transmitidos pelos laços sanguíneos. Em Amanhã a patologia retratada é a do desvio psiquiátrico, presente no personagem principal, Mateus. Deve-se considerar também, além do viés patológico, a sua importância documental. Segundo Gomes (2009), os conflitos do romance ocorrem no período de novembro de 1894 a junho de 1895, em Lisboa, momento histórico em que há diversos levantes da população e enorme desenvolvimento sindical em Portugal. As manifestações, em sua maioria, ocorreram por influência dos ideais políticos socialistas, anarquistas e comunistas, em ascensão em toda a Europa no final do século XIX. Dessa forma, este estudo inicialmente debruçar-se-á sobre uma análise detalhada do personagem principal do romance, o contramestre Mateus. Em seguida dedicamo-nos a examinar a relação dele com Adriana, seu par romântico, pertencente a outro grupo social, mais abastado financeiramente. Outro ponto de nossa análise é o estabelecimento da relação entre a vida do contramestre e o messianismo, tema da tradição literária portuguesa, e para isso nos baseamos em Lourenço (1992). Interessa-nos também estabelecer um diálogo com o romance Germinal (1885), do francês Émile Zola, destacando as peculiaridades da obra portuguesa, conforme a perspectiva dos estudos da literatura comparada de Carvalhal (2006) e Santiago (2000). Com isso, esperamos contribuir para uma apreciação da obra de Abel Botelho, que aparece discretamente nos livros sobre literatura portuguesa, como o de Saraiva e Lopes (1955), por meio da análise de um de seus romances, praticamente esquecido pela crítica e desconhecido do público leitor atual.