A identidade docente da professora de creche e suas significações

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Silveira, Mariana Corrêa da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/216619
Resumo: A construção da identidade docente é tema de relevância em diversos estudos sobre educação, pois, a partir do entendimento desta configuração identitária muda-se o paradigma sobre o que é ser professor. Mudança que tende a deixar a concepção tecnicista de professor como mero aplicador de aulas, para o de sujeito em uma visão integradora que planeja suas ações e se constitui na profissão a partir da relação com os demais interlocutores sociais concretos ou não, ou seja, colegas de trabalho, comunidade escolar, estudos de formação inicial e continuada, discursos socialmente partilhados sobre a profissão dentre outros. Embora a identidade docente seja tema de ampla discussão, percebe-se uma lacuna quando se trata especificamente do professor de creche. Esta lacuna se dá, provavelmente, pela gênese tardia no Brasil, do acesso a este serviço de educação, além deste estar por muito tempo sob responsabilidade da assistência social, sendo concebido como serviço educacional apenas a partir da Lei de Diretrizes e Bases de 1996. A fim de contribuir com esta temática, a presente pesquisa objetiva investigar aspectos subjetivos e sociais que interferem na construção da identidade docente de professoras de creche que atuam na rede municipal de uma cidade do interior paulista e, como objetivos específicos: 1 - levantar as significações que permeiam o imaginário dos docentes sobre a função do professor na creche e como tais se relacionam à sua autoimagem e valorização à luz do resgaste histórico da (des)profissionalização docente; 2 - levantar as significações que estas professoras têm sobre a visão das famílias para o trabalho docente e para relação creche/família; 3 – discutir aspectos relacionados o binômio cuidar/educar e como as relações de afeto impactam na construção identitária. A coleta de dados foi realizada em duas creches da rede municipal, escolhidas por conveniência. Participaram 10 professoras que responderam a uma entrevista semiestruturada feita por ligação telefônica. A adaptação para a coleta de dados foi necessária devido ao cenário pandêmico, tendo em vista que as professoras estavam em regime de teletrabalho. A pesquisa é de cunho qualitativo uma vez que trabalha com significações, ou seja, dados que imprimem a subjetividade dos participantes sendo de difícil enquadramento quantitativo. A entrevista seguiu um roteiro de com questões agrupadas nos eixos: 1- informações pessoais; 2- formação inicial, continuada e experiência profissional; 3-ser professora de creche; 4- relação com a comunidade escolar. Após a transcrição das entrevistas telefônicas, gravadas pelo aplicativo Call Recorder, foram selecionadas para análise as respostas das dez participantes originando quatro eixos de discussão: o primeiro sobre as relações de cuidado; o segundo sobre ser professora de creche; o terceiro sobre a realização profissional e a legitimação de terceiros à profissão e o quarto sobre a relação creche/família. As análises foram feitas a luz do referencial teórico de outras pesquisas sobre identidade e Educação Infantil, permitindo encontrar pontos de aproximação com a literatura existente acerca das marcas que enfatizam a afetividade e a feminização da profissão, reforçando o imaginário coletivo de que é preciso gostar e ter “jeitinho” com as crianças para ser professora e a consequente desprofissionalização que isso pode acarretar. Também concluiu-se que essa afetividade pode dar vazão a sentimentos que contaminam a relação com as famílias com falas substitutivas à ação familiar e não complementar com preconizam os documentos oficiais. E, por fim, a presença de contornos ainda difusos e flutuantes sobre a identidade das professoras por mostrarem, em alguns momentos, pouca clareza sobre o seu papel social e como legitimá-lo diante pessoas leigas ao processo educativo.