Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Eduardo, Thaís de Carvalho |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/244666
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Resumo: |
Este trabalho versa traçar um estudo comparativo sobre as caminhadas na literatura francesa, partindo do que chamamos de gênese: os devaneios do promeneur solitaire, de Jean-Jacques Rousseau, através do espaço da natureza na narrativa poética autobiográfica Les rêveries du promeneur solitaire (1776-1778), à caminhada urbana que se realiza na figura do flâneur em poemas em prosa selecionados do Spleen de Paris: Petits Poèmes en prose (1869) de Charles Baudelaire (1821-1867) e às deambulações de hasard objectif da narrativa poética surrealista, Nadja (1928) de André Breton (1896-1966). As dez caminhadas de Rousseau devem ser lidas como um apêndice de Confessions (1769). As Rêveries servem como um exame de consciência de sua situação perante a sociedade que o vilipendiou. A primeira promenade é um prelúdio, anunciando a finalidade de tais passeios: através das caminhadas meditativas o Eu almeja fixar pela escrita as reminiscências que poderão lhe devolver a alegria do passado num tempo individual situado no espaço da natureza e do Eu-caminhante. Em contrapartida, para Baudelaire, a única paisagem poética possível só poderia ser a cidade e, precisamente Paris, símbolo da modernidade. Baudelaire escreve seus poemas em prosa sob a égide da transitoriedade dos tempos, entre-tempos, e através do olhar do flâneur, aquele que, pela prática da flânerie, anuncia a subjetividade das multidões. O homem moderno do século XIX é surpreendido pelos choques produzidos pelas fantasmagorias urbanas, no caso parisiense reforçado pela reforma urbana de Georges-Eugène Haussmann (1853-1870), e, dessa forma, é espoliado da experiência total de apreensão da cidade. O flâneur é aquele que fixa liricamente, com poemas em prosa no caso de Spleen de Paris, estes choques causados pelas multidões, delineando as arestas mais subjetivas e misteriosas da vida moderna, através de um olhar ávido e obsessivo, pois a experiência, para ele, é consciente. Já a narrativa poética Nadja (1928), de Breton, coloca na psicologia da personagem Nadja e nas caminhadas do narrador, as bases da estética do inconsciente e do devaneio do movimento surrealista e propõe uma narrativa que dê conta das complexidades do psiquismo e das pulsões humanas. Essa incessante busca por uma vida permeada pelo sonho e pelo fugidio através da prática de “deambulação” por Paris no século XX, se materializará na personagem errante Nadja que ora se confunde com a cidade, ora a enxerga como espaço onírico. Os poetas analisados neste trabalho propuseram, de acordo com seus tempos históricos e estéticas, encontros com a natureza humana a partir da caminhada errante, responderam e representaram cada um à sua maneira, a questão primeva “qui suis-je?” enquanto Eu-interioridade, natureza humana aditiva e sonho. Assim, concluímos este estudo comparativo como uma forma cronológica de compreender a promenade moderna e seus desdobramentos históricos e estéticos. |