Entre duas visões de mundo: as fronteiras do insólito em As Areias do Imperador, de Mia Couto

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Fernandes, Cássia Morgon
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/244273
Resumo: Este estudo analisa a construção ficcional insólita na primeira trilogia do autor moçambicano Mia Couto, As Areias do Imperador, composta pelos volumes Mulheres de Cinzas (2015), Sombras da Água (2016) e O Bebedor de Horizontes (2017), a partir de teorias ocidentais e do conceito do realismo animista para explicar a manifestação do sobrenatural na narrativa. Tendo como ponto de partida a hipótese de que as ambientações insólitas e a hesitação das personagens em relação aos acontecimentos sobrenaturais, variante do gênero fantástico segundo a teoria defendida por Tzvetan Todorov (2008), são permanentes nos romances, buscamos ampliar a discussão teórica sobre essa temática, mais especificamente na ficção contemporânea, e suas fronteiras com o fantástico e o realismo mágico. Analisamos a presença e a forma com que esses elementos sobrenaturais articulam com o fantástico e se manifestam nos romances, a partir do foco nos dois narradores, Imani e Germano. Considerando ainda ser essa a primeira trilogia de Couto e que sua obra merece destaque no que se refere ao insólito, além de ser reconhecida mundialmente pela valorização das tradições africanas e pela experimentação de novas linguagens no universo da literatura. Para a realização desta pesquisa, fizemos um levantamento bibliográfico sobre o estudo de teóricos do fantástico e do insólito, sobretudo Tzvetan Todorov (2008), Lenira Marques Covizzi (1978) e Flavio García (2007). Tendo como abordagem o método crítico-analítico observamos os elementos constituintes da construção ficcional insólita e o surgimento do fantástico nos três romances. Propomos ainda um debate sobre a cosmovisão africana como um processo continuado da descolonização na produção literária pós-colonial. O conceito do realismo animista, apresentado por Harry Garuba (2012), é uma forma de decodificar o sobrenatural na trilogia – Couto utiliza o imaginário ancestral e o fantástico para criar uma atmosfera realista e, ao mesmo tempo, animista numa perspectiva da visão africana.