Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Machado, Daniel Fagundes de Carvalho |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
|
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: |
|
Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/243286
|
Resumo: |
Este trabalho propõe estudar como a Guerra Civil Espanhola (1936-1939) era representada pelo jornal A Cruz: Orgão da parochia de S. João Baptista (RJ), no contexto de centralização da Santa Sé, observando nesse periódico a presença de um forte discurso anticomunista e em defesa dos militares rebeldes espanhóis. Nas publicações analisadas foi possível ter um panorama da influência desse conflito no Brasil, com a preocupação em se construir uma imagem heroica de Franco como um caudilho salvador dos valores da fé cristã no ocidente. Este acontecimento espanhol é lembrado como um dos maiores conflitos bélicos do período entre guerras, chamando atenção até os dias de hoje por ter abrigado divergências ideológicas e políticas dos anos 1930 e ter sido palco de uma nova ordem europeia, com a ascensão de governos fortemente centralizadores e autoritários. A Espanha tradicionalista, monarquista, católica e direitista rebelou-se contra às mudanças e reformas organizadas pela II República, e, tendo à frente Francisco Franco, mobilizou um golpe que demandou ações não apenas internas, mas também externas, já que houve interferência de outros países para o fortalecimento de ambos os lados em batalha, como a Itália e Alemanha no auxílio franquista e da Rússia e México junto à Frente Popular. O medo de uma revolução social afastou as duas principais potências - Inglaterra e França, de uma aliança com a República, a ponto de criarem o Comitê de Não-Intervenção. O Comitê, a mando de Londres, não auxiliou as tropas da República pelo receio que o conflito espanhol tomasse proporções maiores. Para compreensão da guerra é necessário se atentar às mudanças políticas e sociais ocorridas na Espanha durante o fim do século XIX e início do XX, porque a revolta de 1936 revela ter suas raízes muito antes do estopim da guerra. Com a Igreja ao lado de Franco o movimento não apenas conseguiu uma causa, mas também uma hegemonia, por acreditarem enfrentar uma nova Cruzada na defesa da fé cristã em todo o ocidente. Ao analisar como o jornal noticiou os acontecimentos, avanços e recuos, aliando a situação da Espanha com o cenário brasileiro, evidencia a ação ultramontana da Igreja, por meio de uma pequena paróquia, na luta por seu lugar junto ao Poder instituído. Representada como a luta entre “Roma e Moscou”, o jornal alertou, a todo momento, o perigo que corria o Brasil de se tornar um “satélite soviético”, construindo, através do desempenho das forças de Franco, o discurso de pertencimento à luta rebelde, devido à proximidade de interesses que manteriam sua autoridade no espaço social, político e religioso. |