Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2017 |
Autor(a) principal: |
Silva, Célia Regina da [UNESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/152064
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Resumo: |
O presente estudo, fundamentado na pedagogia histórico-crítica e na psicologia histórico-cultural, tem como objeto a análise das relações entre a prática de ensino na educação infantil e a dinâmica a partir da qual se dá a gênese do desenvolvimento do caráter da “criança difícil”, tal como proposto por Vigotski (1997). Diante disso, traçamos o objetivo geral de analisar os mecanismos interpessoais e interpsíquicos presentes na dinâmica de formação das características recorrentes na conduta do aluno, apontadas como inadequadas do ponto de vista do professor, e suas relações com a organização do ensino na educação infantil. Nossas hipóteses iniciais previam a expressão da controvérsia filosófica entre essência e existência na forma como a equipe escolar explica a causa do comportamento das crianças, pois algumas das ações do aluno que o professor considera inadequadas são manifestações características do período do desenvolvimento infantil no qual esse aluno se encontra e a organização do ensino pode gerar condutas do professor que contribuem para acirrar aspectos das crises típicas dos períodos de transição, influenciando a dinâmica de constituição do caráter desse aluno. Pautando-nos no método materialista histórico-dialético, adotamos o estudo de caso como procedimento metodológico e obtivemos os dados por meio da participação na rotina da escola em situações pontuais durante cinco meses, aplicação de questionário aos professores para a definição do caso e pela realização de observação direta em sala de aula com registros videográficos durante 10 dias. Para análise, tomando como unidade mínima a intencionalidade dos atos humanos, abordamos a dimensão filosófica do problema investigado relacionando os dados referentes às concepções expressas por professores, gestores e familiares nas situações observadas com os aspectos filosóficos do processo de instituição da intencionalidade que sustenta a relação entre educação escolar e sociedade. Para análise dos registros filmográficos selecionamos situações em que nosso sujeito de pesquisa encontrava-se envolvido em um conflito com qualquer adulto e delimitamo-las como “episódio de interação conflitiva”. Marcamos o início do episódio a partir dos fatos que desencadearam o conflito, identificando quais atos levaram ao seu princípio e quais atos foram manifestos como reação aos primeiros. Identificamos 23 episódios de interação conflitiva, os quais foram analisados por meio da identificação da unidade dialética conteúdo-forma, presentes na intencionalidade dos atos manifestos na situação conflitiva. Os dados mostram indícios da controvérsia filosófica entre essência e existência no discurso dos familiares e equipe escolar, como interiorização da controvérsia na consciência individual. As observações das condições de ensino explicitam que há na rotina da escola alguns fatores intervenientes em relação à ocorrência de interações conflitivas, tais como a necessidade de que as professoras realizem atividades não condizentes com o acompanhamento pedagógico das crianças em momentos destinados para esse fim, escassez de promoção da atividade-guia da faixa etária, entre outras. No que concerne ao aluno, os dados revelam manifestações que podem ser associadas aos sintomas da crise dos três anos, com conteúdo predominantemente negativista. A análise dos episódios de interação conflitiva revela um predomínio de atos destinados a desencadear reações dos adultos, sob a forma de comportamentos inadequados para o contexto por parte do aluno. Quanto aos adultos, notamos a prevalência de atos direcionados a conter verbalmente o aluno, sob forma de expressões imperativas e autoritárias, o que, de acordo com a literatura, não condiz a práticas adequadas de interação com a criança na referida situação social de desenvolvimento. Tais fatos corroboram nossas hipóteses iniciais de que a intervenção dos professores tem sido realizada de um modo que leva ao acirramento tanto das características associadas à crise dos 3 anos quanto das formas de conduta que definem a “criança difícil”. Concluímos que a conduta do professor é um fator interveniente na dinâmica de formação das regularidades do comportamento infantil e afirmamos que os pressupostos da psicologia histórico-cultural e da pedagogia histórico-crítica fornecem subsídios para uma reorganização da prática pedagógica que conduza à superação de manifestações de condutas regulares de professores e de alunos que se caracterizam como empecilhos ao pleno desenvolvimento. |