Caracterização da atividade entomotóxica induzida pelo extrato metanólico de araucaria angustifolia em baratas da espécie phoetalia pallida

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Freitas , Thiago Carrazoni de
Orientador(a): Belo, Cháriston André Dal lattes
Banca de defesa: Carlini, Celia Regina lattes, Pinto, Paulo Marcos lattes, Stefenon, Valdir Marcos lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Pampa
Programa de Pós-Graduação: Mestrado Acadêmico em Ciências Biológicas
Departamento: Campus São Gabriel
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://dspace.unipampa.edu.br:8080/jspui/handle/riu/3862
Resumo: Neste trabalho foi demostrado, pela primeira vez, a atividade inseticida do extrato metanólico de Arauacaria angustifolia (Bert.) O. Kuntze 1898 (AAME) e seu metabólito secundário, a quercetina, em baratas da espécie Phoetalia pallida. A investigação fitoquímica preliminar, realizada através da Cromatografia em Camada Delgada (CCD), demonstrou a presença do flavonóide quercetina no AAME. A confirmação da presença da quercetina no extrato foi obtida por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (HPLC), com tempo de retenção em 10.6min. A determinação de fenólicos totais indicou uma alta concentração destes compostos (1,03%) no AAME. Os ensaios para a determinação da dose letal mínima (DLM) em baratas da espécie P. pallida, confirmaram a atividade inseticida do extrato em doses a partir de (800g/g de animal). A mesma atividade foi demonstrada pela quercetina (80μg/g), porém, com maior potência comparada ao AAME. Ambos, AAME (200μg/g) e quercetina (40μg/g) foram eficazes em bloquear significativamente a atividade da enzima acetilcolinesterase no inseto. Os ensaios de atividade biológica demonstram uma atividade neurotóxica do AAME e da quercetina, tanto em nível central quanto periférico do inseto. Dessa forma, o AAME (200μg/g) e a quercetina (40μg/g) induziram um aumento no tempo total de grooming realizado pelo inseto, (138.11±5s /30min; p<0.05 e 2305s/30min; p<0.05), respectivamente. A administração de Atropina (40μg/g), previamente à adição de quercetina (40μg/g) induziu um aumento significativo na atividade de grooming quando comparado à quercetina isoladamente (3503s/30min; p<0.05). Quando o animal foi pré-tratado com Metoctramina (40μg/g), um inibidor seletivo de receptores colinérgicos M2-M3, observou-se o maior aumento no tempo de grooming induzido pela quercetina (40μg/g) (6008s/30min; p<0.01 teste t). Por outro lado, o pré-tratamento com o SCH23390 (40μg/g), um inibidor seletivo de receptores DA-D1, reduziu significativamente o grooming induzido pela quercetina (40μg/g) (906s/30min; p<0.05). A administração de Tiramina (40μg/g) e hidroxilamina (40μg/g), um inibidor da guanilato ciclase, aumentaram significativamente o tempo de grooming induzido pela quercetina (20415s/30min; p<0.05) e (32515s/30min; p<0.01), respectivamente. Quando ensaiados em preparação músculo coxal-adutor metatorácico de P. pallida, tanto o AAME (200μg/g de animal) quando a quercetina (40μg/g) induziram bloqueio neuromuscular irreversível em 120 min de registros (50±9%; p<0.05 e 100±7%; p<0.05), respectivamente. Este último resultado indica uma ação direta do extrato de A. angustifolia sobre o Sistema Nervoso Periférico da barata. Os resultados mostrados neste trabalho validam a atividade inseticida do AAME em P. pallida. Compostos fenólicos presentes no extrato provavelmente estão envolvidos na atividade inseticida, como demonstrado pela quercetina. O mecanismo de ação inseticida é complexo, e envolve tanto a neurotoxicidade sobre o Sistema Nervoso Central quanto sobre o Periférico. A ativação de uma cascata de eventos que se inicia com a ativação de autoreceptores muscarínicos no soma dopaminérgico e/ou em interneurônios colinérgicos, induziria um aumento da concentração do IP3 citosólico bem como do Ca2+ favorecendo a liberação da dopamina no sistema nervoso central do inseto. Quanto à atividade bloqueadora neuromuscular, estudos mais detalhados usando-se moduladores farmacológicos de receptores de glutamato e do ácido-gama-aminobutírico (GABA) poderão elucidar esse efeito.