Avaliação do efeito neuroprotetor da Quercetina em camundongos expostos a um herbicida à base de Glifosato

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Bicca, Diogo Ferreira lattes
Orientador(a): Cibin, Francielli Weber Santos lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Pampa
Programa de Pós-Graduação: Mestrado Acadêmico em Bioquímica
Departamento: Campus Uruguaiana
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://dspace.unipampa.edu.br:8080/jspui/handle/riu/5648
Resumo: As similaridades das condições fisiopatológicas encontradas no sistema nervoso central em patologias neurológicas como a depressão, e decorrentes da exposição a pesticidas como o glifosato, tem gerado interesse quanto a possíveis associações entre ambas condições. Ao mesmo tempo, compostos naturais como a quercetina vem adquirindo maior destaque na literatura devido ao seu potencial para a promoção da defesa do organismo contra insultos exógenos e no tratamento de doenças, atribuídos a sua capacidade antioxidante e moduladora de processos fisiológicos importantes. Neste contexto, o objetivo do presente estudo foi avaliar a capacidade da exposição subcrônica a uma subdose de um herbicida à base de glifosato (HBG) de provocar alterações a nível de sistema nervoso central de camundongos e da quercetina em promover neuroproteção quando suplementada concomitantemente, por meio da análise de ocorrência de comportamento tipo ansioso/depressivo, e de marcadores bioquímicos, neuroquímicos e histológicos nos diferentes grupos de tratamento. Para isto, quarenta camundongos machos Swiss adultos, foram divididos em quatro grupos, recebendo por gavagem no período de 30 dias as doses de 50 mg/kg de um HBG, 30 mg/kg de quercetina e/ou veículos (H2OD/carboximetilcelulose 0,3%-CMC) assim sendo: Controle (H2OD/CMC), Glifosato (HGB/CMC), Quercetina (H2OD/Quer) e Gli+Quer (HGB/Quer). Ao final do período, os animais foram submetidos a testes comportamentais de Campo Aberto (OF), Labirinto em Cruz Elevado (EPM), Nado Forçado (FST) e Preferência da Sacarose (SPT). Em sequência, os camundongos foram eutanasiados e os hipocampos removidos para análises bioquímicas de marcadores de estresse oxidativo como espécies reativas (ER’s), capacidade antioxidante total (FRAP), glutationa reduzida (GSH) e atividade da acetilcolinesterase (AChE), sendo alguns selecionados para análise histológica. Ainda, foram coletados tecidos da região dorsal do núcleo da rafe para determinação dos neurotransmissores serotonina, dopamina e noradrenalina. Os resultados demonstraram que apesar de não ocorrerem diferenças significativas entre os grupos no teste OF, os animais do grupo Glifosato e, surpreendentemente, do grupo Quercetina, apresentaram comportamento tipo ansioso no teste EPM e tipo depressivo no FST, quando comparados ao grupo Controle. O grupo Glifosato obteve níveis aumentados de ER’s e diminuídos de GSH em relação ao grupo Controle, não ocorrendo diferenças significativas na atividade da AChE e na capacidade antioxidante total. Apesar do efeito per se da quercetina no comportamento, o grupo Gli+Quer apresentou melhora parcial ou total nos testes comportamentais (EPM e FST) e parâmetros de estresse oxidativo do hipocampo (ER’s e GSH). Como conclusão, os resultados demonstram o potencial do herbicida de causar alterações no sistema nervoso central mesmo com uma dose considerada baixa, quando administrada de forma subcrônica. Ainda, foi possível observar a existência de um aparente paradoxo da quercetina, cujos benefícios podem estar associados a mecanismos horméticos.