Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2016 |
Autor(a) principal: |
Rizzetti, Danize Aparecida |
Orientador(a): |
Wiggers, Giulia Alessandra |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal do Pampa
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Campus Uruguaiana
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://dspace.unipampa.edu.br:8080/jspui/handle/riu/1658
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Resumo: |
O mercúrio (Hg) é um metal tóxico liberado para o ambiente que implica o dano oxidativo de vários sistemas biológicos. Neste contexto, os peptídeos bioativos derivados do hidrolisado protéico da clara de ovo (HCO) apresentam atividades biológicas importantes, como antioxidante, de neutralização de radicais livres, antiinflamatória, vasodilatadora e de inibição da enzima conversora de angiotensina (ECA), podendo atuar em muitas doenças. Objetivo: Investigar se a ingestão de HCO é capaz de atuar sobre distúrbios neurapáticos periféricos, déficits de memória, alterações reprodutivas, disfunções hemodinâmicas e vasculares induzidos pela exposição crônica a baixas concentrações de Hg. Material e Métodos: Ratos Wistar machos foram divididos em quatro grupos tratados durante 60 dias com: a) Controle (solução salina, i.m.); b) Mercúrio (cloreto de mercúrio, i.m. – 1ª dose de 4,6 μg/kg e doses subseqüentes de 0,07 μg/kg/dia); c) Hidrolisado (HCO, gavagem – 1 g/kg/dia); d) Hidrolisado-Mercúrio. Para avaliar o sistema nervoso periférico e central, a alodínia mecânica foi avaliada por teste de Von Frey; a hiperalgesia ao calor pelo teste plantar; a catalepsia pelo "teste do anel" modificado e a atividade locomotora espontânea por câmaras de atividade contendo células fotoelétricas. As análises foram realizadas nos tempos 0, 30 e 60 dias de tratamento. Determinações dos níveis de malondialdeído (MDA) em cérebro, MDA, grupamentos tióis (NPSH) e TNF-α em plasma e análise imunohistoquímica de pele foram realizadas após 60 dias de tratamento. O teste de memória de reconhecimento de objetos (RO) foi realizado para verificar as memórias de curto (MCP) e longo (MLP) prazo e os testes de campo aberto (CA), labirinto em cruz (LC) e retirada de cauda (RC) foram realizados como controle para experimentos comportamentais. As Espécies Reativas de Oxigênio (EROs) no hipocampo foram determinadas pelo método de diacetato de diclorofluoresceína (DCFH-DA), os níveis de MDA pela técnica de TBARS, o poder antioxidante pelo ensaio FRAP e concentração total de Hg por espectrometria de fluorescência atômica. Estudos histológicos foram efetuados em hipocampo. Para analisar o sistema reprodutor, foram realizados estudos de mobilidade e contagem espermática, produção diária de espermatozóides e estudos morfológicos. Os níveis de EROs, a peroxidação lipídica e a capacidade antioxidante foram avaliadas em testículo e epidídimo. Estudos histológicos de testículo e epidídimo e ensaio imunohistoquímico em testículo também foram realizados. Por fim, para avaliar o sistema cardiovascular, a pressão arterial sistólica (PAS) indireta foi realizada por pletismografia caudal e a PAS direta e juntamente com a pressão arterial diastólica (PAD) por canulação da artéria carótida. Os experimentos de reatividade vascular em anéis da aorta foram realizados em banho de órgãos, onde se analisou as respostas vasodilatadoras dependentes (ACh) e independentes do endotélio (NPS) e a resposta vasoconstritora à fenilefrina (Phe), na presença e ausência de endotélio, de inibidor da óxido nítrico sintase (L-NAME), do inibidor da NADPH oxidase (apocinina), de superóxido dismutase (SOD), do inibidor não-seletivo da COX (indometacina), do inibidor seletivo da COX-2 (NS 398), e do bloqueador de receptores AT-1 (losartan). A produção in situ de ânion superóxido foi avaliada em aorta pelo corante fluorescente dihidroetídio (DHE), os níveis de mRNA de SOD-1, NOX-4, p22phox, COX-2 e AT-1 por PCR quantitativo em tempo real (qRT-PCR) e a expressão protéica de NOX-1 por western blot, enquanto a determinação da atividade da enzima conversora de angiotensina (ECA) foi avaliada em plasma pelo método fluorimétrico. Resultados: No sistema nervoso periférico, o Hg induziu uma redução do limiar de sensibilidade mecânica aos 30 e 60 dias e do limiar de sensibilidade térmica aos 60 dias. No final do tratamento também foi desenvolvida a catalepsia, porém não houve alteração significativa na atividade locomotora espontânea. O metal também aumentou os níveis de MDA em cérebro e plasma, os níveis plasmáticos de NPSH e TNF- α e o número de células de Merkel na pele. O HCO impediu o desenvolvimento de alodínia mecânica, hiperalgesia térmica e catalepsia induzida pelo Hg, como também o aumento do MDA no cérebro e no plasma e na quantidade de células de Merkel na pele. No sistema nervoso central, o Hg prejudicou a MCP e a MLP, depositou-se no hipocampo, promoveu produção de EROs e apoptose celular. O HCO preveniu os déficits de memória induzidos pelo metal, reduziu o teor de Hg, os níveis de EROs e a morte celular no hipocampo. No sistema reprodutor, o Hg diminuiu o número de espermatozóides em testículo e epidídimo, a percentagem de morfologia normal, aumentou o tempo de trânsito dos espermatozóides no epidídimo assim como os níveis de EROs, a peroxidação lipídica e a capacidade antioxidante em testículo e epidídimo. Estes efeitos foram impedidos pela ingestão de HCO. Não foram observadas alterações histológicas em tecidos testiculares, porém alterações inflamatórias foram observadas, além de alterações histológicas em nível epididimal, que foram melhoradas com o co-tratamento com HCO provavelmente devido a sua atividade antioxidante e antiinflamatória. No sistema vascular, o tratamento com Hg aumentou a PAS, a resposta vasoconstritora à Phe e reduziu a resposta vasodilatadora à ACh em aorta; aumentou o envolvimento de EROs derivados da NADPH oxidase, de prostanóides constritores da COX-2 e da angiotensina II na resposta à Phe, enquanto reduziu a modulação negativa endotelial e de NO nessas respostas. Além disso, o Hg aumentou os níveis de mRNA de NOX-4, p22phox, COX-2 e AT-1 e promoveu uma diminuição na expressão protéica de NOX-1 em aorta. Houve também aumento da atividade da ECA no plasma. O tratamento com HCO impediu as alterações promovidas pelo Hg em aorta, provavelmente pela redução da atividade da ECA e da ativação da NOX resultando na redução da produção de EROs e melhora na biodisponibilidade e NO. Conclusões: O HCO pode ser considerado um ingrediente de alimentos funcionais a ser utilizado como ferramenta terapêutica no tratamento de danos induzidos por Hg. |