Educação de jovens e adultos: dos discursos de alunos evadidos à construção de uma proposta pedagógica e intercultural com as linguagens

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Bosco, Débora de Macedo Cortez
Orientador(a): Dornelles, Clara Zeni Camargo
Banca de defesa: Dornelles, Clara Zeni Camargo, Simões, Luciene Juliano, Giovani, Fabiana
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Pampa
Programa de Pós-Graduação: Mestrado Profissional em Ensino de Linguas
Departamento: Campus Bagé
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
EJA
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://dspace.unipampa.edu.br:8080/jspui/handle/riu/2406
Resumo: Partindo da minha atuação enquanto colaboradora na gestão da Educação de Jovens e Adultos e visando problematizar sobre a evasão na EJA e possiblidades de diminuí-la por intermédio de uma proposta que trabalhasse a Língua Portuguesa nas perspectivas da concepção de língua como interação e de interculturalidade, busquei nesta pesquisa responder às seguintes perguntas: Quais os discursos sobre evasão que se constituem na voz dos alunos evadidos da EJA? Como estabelecer diálogos entre evadidos e alunos da EJA no desenvolvimento de atividades pedagógicas com as linguagens? Para tal, apoiei-me teoricamente em questões legais sobre Educação de Jovens e Adultos (LDB, 1996), práticas pedagógicas que levam à cidadania (FREIRE; NOGUEIRA, 1989), peculiaridades da EJA (PINTO, 2000; OLIVEIRA; EITERER, 2014), evasão na EJA (UNICEF, 2014; SOUZA, 2011), estudos sobre a importância do diálogo entre os sujeitos, também no âmbito escolar (BAKHTIN, 1997; FREIRE, 1996; CLARK, 2008; FREIRE, 2011), discussões sobre interculturalidade (TORQUATO, 2013) e cultura escolar (TURA, 1999), problematizações a respeito do gênero discursivo (BAKHTIN, 1997; LOUKILI, 2009), estudos culturais em educação (SILVA, 1995), letramentos (ROJO, 2009), identidade e currículo (SILVA, 2007), leitura e autoria (SIMÕES; FILIPOUSKI; MARCHI; RAMOS, 2012), concepção de língua como interação (GERALDI, 2010), interdisciplinaridade (POMBO, 2014) e exotopia (BAKHTIN, 1997; TORQUATO, 2014). Utilizando as metodologias qualitativa, interpretativista e da pesquisa-ação, com embasamento na Linguística Aplicada, primeiramente, ouvi o relato dos evadidos, os quais foram gravados em audiovisual, no intuito de elencar os motivos que os levaram à evasão analisando e interpretando as linguagens verbais e não-verbais dos discursos, bem como, para evidenciar alguns aspectos culturais, incluindo suas trajetórias de escolarização, que constituem suas identidades. Na sequência tinha a intenção de ter as falas dos entrevistados como atividade desencadeadora no desenvolvimento de um curso ofertado aos professores, que intencionava fomentar o trabalho com as linguagens, em uma perspectiva interdisciplinar, por todos os componentes curriculares. Porém, a adesão dos professores foi extinguindo-se no decorrer do processo, então precisei encerrar tal oferta e redimensionar a proposta. Em um segundo momento, meu trabalho passou a ser com uma turma de EJA (T4), com a qual apliquei uma unidade de aprendizagem cujo tema foi ―Diálogos entre evadidos e alunos da EJA‖, contemplando os gêneros relato pessoal (utilizando aqui as entrevistadas como atividade desencadeadora do projeto), carta e poesia musicada. As atividades propostas visaram oportunizar a leitura e a interpretação dos referidos textos de circulação social, com ênfase no desenvolvimento de habilidades para (re)escrever, dialogar, argumentar e contraargumentar, em um trabalho intercultural e interdisciplinar a partir das linguagens. A última etapa da pesquisa consistiu na análise dos dados produzidos, reelaboração e ampliação da unidade de aprendizagem, tomando-se como base os resultados de seu desenvolvimento em aula e definindo o produto pedagógico final desta dissertação. Os resultados da pesquisa evidenciaram a importância do diálogo entre os sujeitos pesquisados. Também, a relevância do trabalho com gêneros discursivos na sala de aula, pois trabalhou a diversidade cultural a partir dos discursos interculturais legitimados pelas situações reais de interlocução, enriquecendo a proposta com as linguagens e com a formação crítica dos sujeitos por intermédio dos posicionamentos de suas identidades. Por fim, pela mudança de perspectiva que precisei ter neste trabalho, mostrei, embora tenha sido uma prática sucinta, que o professor pode atuar produzindo e implementando atividades didáticas que aliem os interesses dos discentes, contemplem suas culturas e estabeleçam situações legítimas de interlocução entre os sujeitos escolares.