Uma análise bakhtiniana da Proposta Curricular do Estado de São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Oliveira, Cristiane Alves de lattes
Orientador(a): Pernambuco, Juscelino lattes
Banca de defesa: Ludovice, Camila de Araújo Beraldo lattes, Ferreira, Luiz Antonio lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade de Franca
Programa de Pós-Graduação: Programa de Mestrado em Promoção de Saúde
Departamento: Pós-Graduação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.cruzeirodosul.edu.br/handle/123456789/963
Resumo: Esta dissertação tem como objetivo analisar uma sequência de atividades presentes no material apostilado de Língua Portuguesa. Neste trabalho buscamos apresentar os preceitos teóricos que fundamentam o percurso analítico do objeto de pesquisa, empreender uma leitura interacionista dos documentos de parametrização do Ensino Médio e efetuar uma análise bakhtiniana do material que compõe o Currículo do Estado de São Paulo: o Caderno do Aluno e o Caderno do Professor. Fundamentamos a análise a partir do projeto teórico e filosófico do pensador russo Mikhail Bakhtin, que apresenta um pensamento absolutamente original sobre a linguagem a partir de uma perspectiva denominada dialogismo, cujo desdobramento são as relações dialógicas. Investigamos, ainda, conceitos, como o de signo ideológico, sujeito, enunciado e interação verbal. Após incursionar nesses domínios, fundamentais para a compreensão do projeto de dizer de Bakhtin, selecionamos, num primeiro momento, as Cartas de Apresentação presentes nos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, nas Orientações Curriculares para o Ensino Médio e no Currículo do Estado de São Paulo, buscando o uso de conceitos bakhtinianos a partir da escolha de duas palavras que julgamos relevantes na questão educacional: a palavra qualidade e a palavra professor. A partir das reflexões proporcionadas pela análise desse material, escolhemos uma Situação de Aprendizagem, intitulada “A palavra me faz eu...”, presente no Vol.1 do primeiro ano do Ensino Médio, a fim de verificar em que medida a qualidade está presente nesse material, além de investigar como o professor pode ser mediador entre o prescrito no currículo e o efetivamente proposto ao aluno, sob um enfoque interacionista da linguagem. Os resultados obtidos revelaram que, apesar de o currículo tentar se utilizar de conceitos bakhtinianos em seus pressupostos teóricos, na prática, o ensino de Língua Portuguesa apresentou poucas ou nenhuma mudança: ao professor são sugeridas aulas prontas, a serem seguidas passo-a-passo, o que implica dizer que sua liberdade para planejar as aulas tornou-se limitada e, por outro lado, a qualidade do ensino de Língua Portuguesa, revelada no material analisado, é discutível, pois a concepção que se tem de língua é meramente a de um sistema abstrato, desvinculado de um contexto real, não propiciando uma interlocução viva como ocorre na linguagem. Desse modo, o aluno não se constitui como sujeito do seu dizer, pois a ele não são oferecidas oportunidades de ser autor, de efetivamente elaborar pontos de vista, visões de mundo, julgamentos de valor, o que configura um ensino marcadamente autoritário e monológico, não propiciando a abertura ao dialogismo, que leva em conta o ponto de vista e os valores do sujeito, em especial, o do aluno, que é o sujeito principal no processo de ensino. Palavras-chave: interacionismo, ensino, situação de aprendizagem, palavra, linguística