Resumo: |
Esse trabalho de pesquisa toma como fundamentos de investigação os pressupostos teóricos gerais da Análise do Discurso – AD, Michel Pêcheux e Michel Foucault, mas também e, especialmente, os conceitos de cena enunciativa, ethos e sistema de restrições semânticas, tais como propostos contemporaneamente por Dominique Maingueneau. O objetivo foi investigar em diferentes gêneros – cartas de leitor, editorial, capas, propaganda – que integram a revista CAPRICHO, publicação quinzenal da Editora ABRIL, com tradição editorial de 57 anos, quais as estratégias discursivas utilizadas na constituição da identidade dos seus co-enunciadores e o modo de manifestação do ethos discursivo adolescente feminino, já que o público leitor privilegiado desse periódico são as adolescentes brasileiras. Por tratar-se de discurso midiático, buscou-se também refletir sobre as intrincadas relações entre mídia e discurso, com apoio em autores contemporâneos, tais como Charaudeau, Gregolin, Possenti, entre outros. Os resultados apontam que a revista CAPRICHO, por meio de cenografias variadas, tece em suas páginas um processo discursivo que visa à identificação entre os co-enunciadores, ou seja, busca-se produzir um efeito de unicidade, de compatibilidade entre o seu próprio ethos discursivo - cujos traços são a sabedoria, a cumplicidade, o aconselhamento, a compreensão em relação aos interesses, temas e características de suas jovens leitoras - e o ethos discursivo de suas co-enunciadoras leitoras – as adolescentes brasileiras -, cujas principais características são a vaidade, o imediatismo, a indecisão, o interesse pelo sexo oposto, a curiosidade, a busca de autoafirmação, entre outras. Foi possível também identificar na revista CAPRICHO um tom discursivo, uma “voz que sua semântica impõe”, que associa aos enunciados e aos discursos uma voz e mesmo um corpo e um caráter, mostrados tanto através da semântica usada pelo discurso, como também pelas imagens e ilustrações encontradas nas páginas de CAPRICHO: uma voz pink. |
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