A “sétima arte” que fecha a janela da alma: representações da ideologia do crescimento organizacional nos filmes norte-americanos vencedores do Oscar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Mendonça, Fernando Augusto lattes
Orientador(a): Seifert Junior, Rene Eugenio lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Positivo
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Administração
Departamento: Pós-Graduação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.cruzeirodosul.edu.br/handle/123456789/3014
Resumo: Analisando a literatura dominante sobre gestão atribui-se como correto o entendimento de que o crescimento organizacional empresarial é a melhor ou a única alternativa para o sucesso do negócio e de sobrevivência em mercados competitivos (Alison, John, e Shameem, 2003; Davidsson, 1989; Frederic Delmar, Davidsson, & Gartner, 2003; Greve, 2008; Harvard, 1998; Penrose, 1959; Rabelo & Speller, 2005; Starbuck, 1971, 2005). Sobre questões alternativas à este modelo pode-se citar Ansoff, 1965; Barney, 1996; Mintzberg, 1994; Porter, 1980 e outros. Seifert e Vizeu (2015) argumentam que o crescimento organizacional tornou-se uma das principais ideologias de gestão moderna. Vários estudos têm indicado que a indústria cultural tem sido historicamente utilizada como um meio para a disseminação de ideologias para as massas (Costa, Barros e Marting, 2012; Adorno, 2006). Neste estudo, investiga-se como o mundo dos negócios tem sido representado nos filmes de Hollywood. Mais especificamente, compreender como as representações do mundo dos negócios em filmes norte-americanos premiados com o Oscar tem sido historicamente articuladas em relação à ideologia do crescimento do negócio. O fato de encontrarmos cada vez menos alternativas e críticas à ideologia do crescimento, e por consequência, diálogo sobre novas alternativas ao nosso sistema, pode estar relacionado ao conteúdo ideológico dos filmes. Metodologicamente foram analisados os 86 filmes premiados como "Melhor Filme" desde a criação do prêmio em 1929. Trinta e nove deles tratam direta ou indiretamente sobre mundo dos negócios que foram classificados como "questionadores" ou "pró-crescimento". Esta última subdivide-se em duas sub-categorias. Em seguida foram relacionadas as datas e períodos em que os filmes foram lançados com grandes eventos históricos da época. Isto permitiu entender como a ideologia do crescimento tem sido representado na indústria cinematográfica em geral; bem como gerou uma melhor compreensão sobre o discurso ideológico retratado em diferentes períodos históricos. Os resultados sugerem que, enquanto 11 filmes premiados como "Melhor Filme" questionam a ideologia do crescimento no mundo dos negócios, 28 são pró-crescimento. Os principais tópicos abordados por filmes que questionam a ideologia do crescimento são: i) condições do ambiente de trabalho; ii) a necessidade de decrescimento; iii) o comportamento ético; iv) individualismo; v) a crítica para o sonho americano; e vi) de negócios e os interesses da família. Os principais temas abordados nos filmes classificados como pró-crescimento foram: i) os benefícios do crescimento; ii) os bens do american dream (desenvolvimento, liberdade e consumo); iii) a necessidade de obtenção de lucros; e iv) as virtudes do self made man. Os resultados indicam, ainda, que existe uma forte associação entre representações de negócios nos filmes e acontecimentos históricos em diferentes períodos. Exemplificando, descobriu-se que a maioria dos filmes que questionam a ideologia do crescimento organizacional foram lançados entre 1938 e 1948, ao passo que após 1950 eles naturalizaram a necessidade de crescimento ou a defenderam abertamente. Este estudo contribui para uma compreensão crítica da ideologia do crescimento organizacional, e para uma melhor compreensão de como a indústria cultural tem sido utilizada como um meio de legitimar a ideologia gerencial. É um chamado para questionar a idéia de que o crescimento organizacional é a única alternativa para as atividades empresariais.