Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Elias, Monica Maciel
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Orientador(a): |
Vasconcelos, Eliane Carvalho de
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Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Positivo
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Gestão Ambiental
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Departamento: |
Pós-Graduação
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.cruzeirodosul.edu.br/handle/123456789/1856
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Resumo: |
A poluição nos estuários pode causar impactos capazes de degradar o ambiente, afetando a fauna, a flora, o cotidiano da população e a economia da região. A Baía de Sepetiba (BS), Rio de Janeiro, Brasil, é um estuário de elevada importância econômica pois possui centenas de indústrias, três portos e a população local também explora a região atuando no atendimento ao turista. A Ilha de Itacuruçá (IT), localizada no interior da BS, é composta por dezesseis praias, onde vivem comunidades de antigos pescadores que, em sua maioria, trabalham no atendimento aos veranistas e turistas que frequentam as praias. O presente trabalho investigou os impactos antrópicos que a degradação ambiental têm causado nesta ilha e avaliou as influências dos impactos ambientais externos sobre a ilha. As cinco praias estudadas foram escolhidas segundo os seguintes critérios: maior densidade populacional aos finais de semana (Quatiquara-P1, Águas Lindas-P2, Praia Grande-P4 e Gamboa-P5), maior número de moradores (P5) e menor número de moradores e turistas (Maria Russa-P3). Considerando que a degradação ambiental da região da BS pode acarretar em impactos na IT, foi feito um estudo bibliométrico das pesquisas realizadas nesta baía e publicadas entre os anos de 2000 e 2017. Em seguida, foi realizado um estudo cientométrico dessas publicações e que proporcionou o entendimento da história da poluição oriunda de poluentes metálicos, dos impactos ambientais observados pelos pesquisadores e das lacunas existentes. Para conhecer também os impactos observados pela população, foi realizado o levantamento da percepção ambiental da população por meio de entrevistas realizadas nas praias ocupadas (P1, P2, P4 e P5), que foram orientadas com um questionário quali-quantitativo. Devido ao reduzido número de trabalhos relacionados às influências da dispersão de esgoto in natura na BS, foram avaliadas as influências desse poluente em cinco praias da ilha. Neste trabalho foram realizadas as análises: físico-químicas (OD, pH e temperatura) e microbiológicas (coliformes totais e termotolerantes e resistência de cepas de Escherichia coli a pelo menos um dos antibióticos: imipenem, cloranfenicol, tetraciclina, ampicilina, cefazolina, aztreonama, ampicilina + sulbactam, cefepima, cefotaxima, cefoxitina, ceftazidina, ceftriaxona e polimixina B e levofloxacina. Na pesquisa bibliométrica foram encontrados 252 artigos onde os principais assuntos estudados foram: zoologia, ecologia e impactos ambientais em animais (55 % dos artigos), análises de poluentes no ambiente, na fauna e na flora (35 %) e assuntos variados (10 %). O expressivo número de publicações que trataram de poluentes se deve à presença de complexos industriais que eliminam efluentes, principalmente metálicos, nos rios que deságuam na BS ou na própria baía. As publicações analisadas mostraram que há poluentes metálicos em toda a extensão da baía e os impactos dessa contaminação já são percebidos pelos moradores da região. Segundo as análises microbiológicas, as praias P1 e P5 apresentaram os maiores valores de carga microbiana, da ordem de 10³ NMP.100 mL-1, que corresponderam aos piores valores de balneabilidade entre as praias estudadas. Esses dados sugerem contaminação de origem fecal elevada para P1 e P5 provavelmente influenciados pela proximidade com o continente e pelo maior número de veranistas e turistas em P1 e moradores em P5, cujo pior cenário foi observado durante o período de férias em que ocorreu estiagem. As praias P1 e P5 também apresentaram os maiores números de cepas resistentes a Escherichia coli, quatro cepas em P1 e dez cepas em P5. As cepas foram resistentes aos antibióticos: imipenem (em P1, P2, P3 e P5), cloranfenicol (em P1, P2 e P5), tetraciclina (em P1, P4 e P5), ampicilina e cefazolina (em P2, P4 e P5), aztreonama, cefepima, cefotaxima, cefoxitina, ceftazidina, ceftriaxona, ampicilina + sulbactam e polimixina B (todos em P2 e P5), Levofloxacina (em P2). As cepas se mostraram multiresistentes a mais de uma classe de antibióticos e foram observadas somente na alta temporada: P1 (novembro/2016, IRA=0,1), P2 (março/2016, IRA=0,6), P4 (novembro/2015 IRA=0,1) e P5 (novembro/2015; março, outubro e novembro/2016, maior IRA=0,5). A pesquisa qualitativa proporcionou a realização de 446 entrevistas com moradores, veranistas e turistas, onde foi observado que a percepção da população é mais voltada para a poluição visual como, por exemplo, o lixo dispensado nas praias, impacto citado por 60 % dos entrevistados. Apesar de não haver tratamento de esgoto em toda a região, os impactos decorrentes da poluição ocasionada por esgoto somente foi observada em um artigo, nas entrevistas foi verificado que a população desconhece os impactos da dispersão inadequada de esgoto, visto que somente 2 % da população entrevistada declarou este impacto. Somente moradores da praia P5 declararam a necessidade de tratamento de esgoto, justificando que o elevado número de residências tem impactado essa praia, o que foi confirmado neste trabalho através da literatura e das análises microbiológicas. No entanto, com as análises microbiológicas, foi possível concluir que a contaminação fecal está presente em todas as praias estudadas, inclusive foram encontradas bactérias multirresistentes a até treze antibióticos. O que mostra que o ambiente estudado está impactado e que é necessário uma atuação imediata de ações de saúde pública a fim de manter a resiliência do local e de eliminar, por completo, os focos de contaminação. |