Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2010 |
Autor(a) principal: |
Melo, Heloísa Helena Vallim de
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Orientador(a): |
Ferreira, Luiz Antonio
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Banca de defesa: |
Barbosa, Marinalva Vieira
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Figueiredo, Maria Flávia
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Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade de Franca
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Mestrado em Linguística
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Departamento: |
Pós-Graduação
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.cruzeirodosul.edu.br/handle/123456789/717
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Resumo: |
Partindo da análise de piadas sobre surdos, sejam elas contadas ou não por pessoas surdas, este estudo tem como objetivo refletir sobre a constituição do ethos da pessoa com surdez. A razão deste trabalho deve-se ao fato de termos observado que, nas piadas contadas por surdos, o humor retratado está relacionado à menção da própria surdez, a qual está sempre em evidência, quer por meio de um personagem humano, quer por meio de um animal ou de outros seres. Desse modo, o percurso dessa investigação se orienta a partir de questionamentos levantados em torno dos motivos pelos quais isso ocorre: quais as representações dominantes que a pessoa ouvinte tem a respeito da pessoa surda? Será que o ouvinte mantém uma relação de poder sobre o surdo? Será que existe um olhar de ser inferior devido a um corpo “danificado”? Qual o universo de representações que os interlocutores (ouvintes) foram construindo sobre a pessoa surda? Será que por serem vistos como inferiores os surdos tentam retratar a sua problemática nas piadas? Para fundamentar a análise de nosso corpus, baseamo-nos tanto nos pressupostos teóricos da Retórica aristotélica – a partir de considerações feitas especialmente por Amossy (2005), Meyer (2007) e Goffman (2008) – quanto nas considerações sobre o humor, feitas por Bergson (1987), Travaglia (1989), Possenti (1998) e Propp (1992), os quais refletem não só sobre os recursos linguísticos envolvidos na construção do humor, mas também sobre as diferentes funções do humor. Para nossos propósitos, as piadas suscitaram revelações interessantes à luz da retórica, pois, evidentemente, veiculam um sentido apreensível na microestrutura e imensos sentidos no plano macroestrutural, retórico e semântico. As piadas sobre surdo mobilizaram discursos polêmicos que operam com estereótipos (que, como vimos, estão relacionados a preconceitos), retomam discursos profundamente arraigados que se infiltram nas técnicas linguísticas e que veiculam discursos que seriam proibidos nos discursos oficiais e institucionais. Nesse sentido, as piadas adquirem liberdade para circular pela sociedade. Livres de determinados procedimentos de controle do discurso, principalmente, o da palavra proibida, a piada desvela uma representação muito clara do ethos que buscávamos: o risível esconde o grotesco social de, inevitavelmente, instaurar a diferença como um defeito inescondível. |