Bioética de intervenção e cuidados paliativos : a libertação como ferramenta moral

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Lima, Meiriany Arruda
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.unb.br/handle/10482/38804
Resumo: A filosofia paliativista remete a antiguidade período em que era comum o cuidar dos doentes e moribundos em monastérios e hospedarias. À época era dispensado um cuidado integral, que começava no acolhimento, passava pela proteção e promoção do alívio das dores físicas e, buscava também a cura para alma centralizando o indivíduo dentro de um cuidado humanizado. Ou seja, diferente da visão contemporânea sobre o processo morrer e sobre o cuidar, em que a prática da obstinação terapêutica é corriqueira, a morte tornou-se um desafio a ser vencido e os cuidados paliativos são tidos como prêmio de consolação quando de acordo com a medicina não há mais o que ser feito, resultado da tecnologização da vida e do cuidar. Aqui é possível observar um distanciamento da humanização permeado por fatores culturais, sociais, políticos,econômicos e educacionais. Atentos as necessidades dos excluídos e compelidos por uma construção epistemológica crítica, reflexiva e antihegemônica surgiram a pedagogia da libertação e a Bioética de Intervenção.Assim como a filosofia paliativista,ambas propõem a centralização do indivíduo de maneira humanizada. O objetivo central desta pesquisa é propor uma aproximação entre cuidados paliativos e Bioética de Intervenção que conduza ao estabelecimento da categoria libertação como uma ferramenta moral que tanto pacientes e familiares, como profissionais da saúde possam usar para lidar com as complexas situações colocadas pela expectativa da morte e do morrer. Por tratar-se de um estudo analítico, reflexivo e crítico foi utilizada a metodologia de estudo qualitativa. Foi realizada coleta de dados através de entrevistas, observação-participante e diário de campo. Os dados coletados foram analisados a partir da bioética narrativa de forma narrativa-descritiva. O resultado aponta para existência do distanciamento entre a teoria e a prática, o despreparo na prestação do cuidado humanizado, a ausência de transdisciplinaridade entre a equipe multiprofissional, bem como demonstra que a prática paternalista reforça a relação de opressor e oprimido, reiterando a vulnerabilidade dos excluídos. A conclusão desta pesquisa demonstra a necessidade de uma intervenção eficaz que conduza o indivíduo a construção do ser e do outro resgatando o cuidado solidário, digno e autônomo, através de escolhas morais construídas a partir da categoria libertação. Tal intervenção somente pode tornar-se factível a partir da proposta da bioética enquanto ponte entre os saberes vez que se trata de resgatar o indivíduo para a centralidade dos cuidados humanizados e não perpetuar a relação fragmentada e dominante.